DO ENVIADO A GOIÂNIA

O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, está sendo acusado de ter agredido um torcedor. Ontem, o treinador teria apelado para a violência após ter sido pressionado mais uma vez para convocar o atacante Romário.
O treinador teria acertado um chute em um torcedor que pediu a presença do jogador vascaíno na saída do hotel em que a seleção está hospedada em Goiânia.
Semir Peres, ex-secretário particular dos senadores Maguito Vilela e Iris Rezende (ambos PMDB-GO), alega ter recebido um pontapé nas nádegas após ter dito a Scolari que ele não iria à Copa se não convocasse Romário.
Segundo Uarian Ferreira, advogado de Peres, Scolari teria sido contido por Luizão e por um segurança. Peres, que teria abordado o técnico como ""amigo", para dar um conselho ao técnico, decidiu registrar queixa na 20ª Delegacia de Polícia de Goiânia.
Ferreira foi à delegacia com seu cliente com um pedido para instaurar inquérito por agressão à integridade física. Porém o delegado de plantão, Wilson de Avelar, não aceitou o pedido por não ter constatado lesão corporal -não ficou marca no torcedor.
""É uma pena que ele estava de tênis. Se ele estivesse de sapato, ficaria a marca. Do jeito que está é a mesma coisa que apanhar de mulher de toalha molhada. Não fica marca", disse Peres.
Avelar não mostrou interesse em convocar Scolari para depor, mas diz que o treinador pode responder por vias de fato -pode resultar em uma pena de três meses a um ano de detenção.
Peres, que hoje é secretário particular do deputado federal Barbosa Neto (PMDB-GO), diz ser assíduo freqentador do hotel em que a seleção está hospedada. Estaria indo na sauna do hotel quando abordou Scolari -teria colocado a mão no ombro do treinador amigavelmente e sugerido a convocação de Romário.
Em Assunção, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse não ter tomado conhecimento do episódio. ""Não acompanhei nada."
A assessoria de imprensa da CBF informou que nada tem a declarar sobre o caso.
Desde a chegada da seleção a Goiânia, torcedores têm gritado o nome de Romário, o que revoltou Scolari. A torcida foi até impedida pela comissão técnica de assistir a um treino, anteontem. Para o treino de ontem, a decisão foi revista, e a presença de torcedores, permitida. A agressão, porém, teria ocorrido antes da chegada ao estádio em que a seleção treinou.
Em 1998, Scolari agrediu o jornalista Gilvan Ribeiro -acertou um soco nele. Conhecido pela truculência, o técnico já fez pesadas críticas a José Serra, ministro da Saúde, e elogiou o ex-ditador chileno Augusto Pinochet. (FV)



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