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FUTEBOL
Clubes brasileiros pagam até dois salários mínimos para 82,17% dos atletas; só 3,75% recebem mais de R$ 3.600
Maioria dos jogadores ganha até R$ 360
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar dos salários milionários
pagos pelos principais clubes do
país, a vida da maioria dos jogadores brasileiros está longe do
glamour e da mordomia de craques como Romário, do Vasco, e
Edílson, do Cruzeiro.
De acordo com documentos do
Departamento de Registro e
Transferência da CBF obtidos pela Folha, 82,17% dos atletas nacionais receberam em 2001 até dois
salários mínimos. Ou seja, 16.785
dos 20.428 registrados na CBF ganharam até R$ 360 mensais.
Na pirâmide salarial do ano passado, os jogadores que recebem
até um salário mínimo formam o
maior grupo. Os clubes pagam
apenas R$ 180 mensais para
42,62% dos atletas.
Os jogadores que recebem grandes salários formam o grupo mais
reduzido. No total, eles são menos
de mil atletas. Segundo a CBF,
apenas 3,75% dos jogadores ganham mais de 20 salários mínimos -R$3.600 por mês.
O ano passado foi marcado por
uma grave crise financeira no futebol brasileiro. Até grandes clubes atrasaram salários.
Mesmo com a péssima distribuição de renda no futebol brasileiro, a elite dos atletas cresceu em
2001 depois de quatro anos seguidos de queda.
O percentual de jogadores que
recebem mais de 20 salários mínimos diminui desde 1997. Naquele
ano, eles representavam 5,20% do
bolo salarial. No ano seguinte, a
elite dos jogadores diminuiu para
4,30%. Em 1999, houve nova queda entre os ricos da bola -3,70%.
No ano passado, a elite chegou ao
seu pior percentual -3,35%.
O número de jogadores que formam a base da pirâmide salarial
também foi reduzido. Em 2000,
44,91% dos atletas recebiam até
um salário mínimo. No ano passado, a marca foi de 42,62%.
A estatística da pirâmide salarial
dos jogadores é feita anualmente
pela CBF, com base nos dados
fornecidos pelos clubes. Obrigatoriamente, todos os contratos
são registrados na principal entidade do futebol brasileiro.
O levantamento tem distorções
por causa dos clubes que não declaram o valor verdadeiro dos salários dos seus jogadores. Muitos
dirigentes pressionam os jogadores a assinar contratos no valor de
um salário mínimo, mas pagam
por fora até mais de R$ 2 mil.
A péssima distribuição salarial
no futebol não é diferente da dos
outros trabalhadores brasileiros.
De acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio) do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 1,6% dos trabalhadores brasileiros receberam mais de
20 salários mínimos em 1999.
O Departamento de Registro e
Transferência da CBF ainda não
conseguiu fazer um levantamento
do número de atletas desempregados no país.
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