São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

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FUTEBOL

Clubes brasileiros pagam até dois salários mínimos para 82,17% dos atletas; só 3,75% recebem mais de R$ 3.600

Maioria dos jogadores ganha até R$ 360

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar dos salários milionários pagos pelos principais clubes do país, a vida da maioria dos jogadores brasileiros está longe do glamour e da mordomia de craques como Romário, do Vasco, e Edílson, do Cruzeiro.
De acordo com documentos do Departamento de Registro e Transferência da CBF obtidos pela Folha, 82,17% dos atletas nacionais receberam em 2001 até dois salários mínimos. Ou seja, 16.785 dos 20.428 registrados na CBF ganharam até R$ 360 mensais.
Na pirâmide salarial do ano passado, os jogadores que recebem até um salário mínimo formam o maior grupo. Os clubes pagam apenas R$ 180 mensais para 42,62% dos atletas.
Os jogadores que recebem grandes salários formam o grupo mais reduzido. No total, eles são menos de mil atletas. Segundo a CBF, apenas 3,75% dos jogadores ganham mais de 20 salários mínimos -R$3.600 por mês.
O ano passado foi marcado por uma grave crise financeira no futebol brasileiro. Até grandes clubes atrasaram salários.
Mesmo com a péssima distribuição de renda no futebol brasileiro, a elite dos atletas cresceu em 2001 depois de quatro anos seguidos de queda.
O percentual de jogadores que recebem mais de 20 salários mínimos diminui desde 1997. Naquele ano, eles representavam 5,20% do bolo salarial. No ano seguinte, a elite dos jogadores diminuiu para 4,30%. Em 1999, houve nova queda entre os ricos da bola -3,70%. No ano passado, a elite chegou ao seu pior percentual -3,35%.
O número de jogadores que formam a base da pirâmide salarial também foi reduzido. Em 2000, 44,91% dos atletas recebiam até um salário mínimo. No ano passado, a marca foi de 42,62%.
A estatística da pirâmide salarial dos jogadores é feita anualmente pela CBF, com base nos dados fornecidos pelos clubes. Obrigatoriamente, todos os contratos são registrados na principal entidade do futebol brasileiro.
O levantamento tem distorções por causa dos clubes que não declaram o valor verdadeiro dos salários dos seus jogadores. Muitos dirigentes pressionam os jogadores a assinar contratos no valor de um salário mínimo, mas pagam por fora até mais de R$ 2 mil.
A péssima distribuição salarial no futebol não é diferente da dos outros trabalhadores brasileiros.
De acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 1,6% dos trabalhadores brasileiros receberam mais de 20 salários mínimos em 1999.
O Departamento de Registro e Transferência da CBF ainda não conseguiu fazer um levantamento do número de atletas desempregados no país.


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