São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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TÊNIS

Quem está dentro e quem está fora

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

"Não podemos deixar o barco afundar. De jeito nenhum. Estamos todos dentro dele, caramba!"
A frase, pelo telefone, soou bastante forte, mas foi dita de modo quase desesperador.
O fracasso em montar uma equipe e um W.O. contra os paraguaios na Copa Davis significariam mais do que uma derrota humilhante deste ou daquele grupo político, muito mais do que simplesmente deixar o país fora do grupo de elite do tênis mundial por dois anos. Deixar de ter uma equipe para jogar a Copa Davis colaria no tênis nacional o rótulo de um mau negócio, um mico.
Patrocinadores, já escassos, virariam definitivamente seus negócios para outros esportes. Emissoras de TV certamente diminuiriam seu interesse por eventos dessa modalidade. Academias sofreriam queda na procura por suas quadras. O tênis seria, então, um "negócio bagunçado demais".
Gustavo Kuerten se mostrava irredutível. Manteria sua posição, seria coerente, só voltaria à equipe com a renúncia de Nelson Nastás. Já Flávio Saretta e Ricardo Mello poderiam mudar de idéia, acreditavam.
Assim, um grupo formado por empresários e ex-treinadores ligados ao tênis (e que vivem do tênis, diga-se) se encontrou em São Paulo. A prioridade era "resolver primeiro o problema mais próximo", ou seja, a Copa Davis.
A primeira solução foi encontrada rapidamente. Marcelo Meyer, dono de academias e, principalmente, treinador competente, seria o capitão. A equipe seria basicamente formada por juvenis. Meyer declinou. Disse que poderia ajudar mais de outra forma, fora do posto de capitão.
Carlos Chabalgoity, o Chapecó, foi o nome seguinte, ele próprio presente à reunião. Motivos? Sério, com credibilidade, poderia convencer Saretta e Mello, com quem trabalha, a jogar. Argumentaria que o objetivo já tinha sido alcançado: Nastás havia se comprometido a sair em maio.
A primeira abordagem teve relativo sucesso. Mas, depois, pressionados de ambos os lados, Saretta e Mello, em Miami, descartaram definitivamente recuar. Havia ainda a esperança de que Nastás renunciasse e eles, os melhores, pudessem jogar em abril. Doce ilusão. Foi com surpresa que, mais tarde, veriam a formação definitiva da equipe.
Sem muita opção, foi disparado o primeiro convite. Alexandre Simoni aceitou. Marcos Daniel foi procurado e só aceitou depois de conversar com Simoni por telefone. Julio Silva reforçou a equipe, trazido por Edvaldo Oliveira, seu técnico e, a partir de então, assistente de Chapecó.
Ao anunciar a equipe, havia ainda lugar para dois: Franco Ferreiro, maior promessa do país até agora, e Marcelo Melo, especialista em duplas. Ricardo Acioly, porém, técnico dos jovens tenistas, disse "não". Houve insistência. O "não" persistiu.
O "norte-americano" Josh Goffi, especialista em duplas e que estava jogando na Itália, foi a solução encontrada. E estará aqui no começo da próxima semana.
A equipe estava fechada. É com essa que o Brasil vai.

Festa estrangeira
Os estrangeiros fizeram a festa na tradicional Copa Gerdau, em Porto Alegre. O argentino Eduardo Schwank e a russa Irina Kotkina foram campeões na categoria 18 anos. Na 16, deu o paraguaio Daniel Lopez e a uruguaia Maria Eugênia Roca. O Brasil ganhou com André Stábile, na 14 anos. No feminino, deu a argentina Carla Beltrami. O gaúcho Guilherme Clezar e a paranaense Isabela Miró Campos ganharam na categoria 12 anos, e Bernando Bertolucci, na 10 anos.

Última hora
Termina hoje o prazo de inscrição para a primeira etapa Circuito Unimed, que será disputada em Joinville a partir do dia 12. Mais informações podem ser obtidas no site da Federação Catarinense de Tênis (www.fct.org.br) ou pelo telefone 0/xx/48/228-9539.


E-mail randaku@uol.com.br


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