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TÊNIS
Quem está dentro e quem está fora
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
"Não podemos deixar o barco afundar. De jeito nenhum. Estamos todos dentro dele,
caramba!"
A frase, pelo telefone, soou bastante forte, mas foi dita de modo
quase desesperador.
O fracasso em montar uma
equipe e um W.O. contra os paraguaios na Copa Davis significariam mais do que uma derrota
humilhante deste ou daquele grupo político, muito mais do que
simplesmente deixar o país fora
do grupo de elite do tênis mundial
por dois anos. Deixar de ter uma
equipe para jogar a Copa Davis
colaria no tênis nacional o rótulo
de um mau negócio, um mico.
Patrocinadores, já escassos, virariam definitivamente seus negócios para outros esportes. Emissoras de TV certamente diminuiriam seu interesse por eventos
dessa modalidade. Academias sofreriam queda na procura por
suas quadras. O tênis seria, então,
um "negócio bagunçado demais".
Gustavo Kuerten se mostrava
irredutível. Manteria sua posição,
seria coerente, só voltaria à equipe com a renúncia de Nelson Nastás. Já Flávio Saretta e Ricardo
Mello poderiam mudar de idéia,
acreditavam.
Assim, um grupo formado por
empresários e ex-treinadores ligados ao tênis (e que vivem do tênis,
diga-se) se encontrou em São
Paulo. A prioridade era "resolver
primeiro o problema mais próximo", ou seja, a Copa Davis.
A primeira solução foi encontrada rapidamente. Marcelo Meyer, dono de academias e, principalmente, treinador competente,
seria o capitão. A equipe seria basicamente formada por juvenis.
Meyer declinou. Disse que poderia ajudar mais de outra forma,
fora do posto de capitão.
Carlos Chabalgoity, o Chapecó,
foi o nome seguinte, ele próprio
presente à reunião. Motivos? Sério, com credibilidade, poderia
convencer Saretta e Mello, com
quem trabalha, a jogar. Argumentaria que o objetivo já tinha
sido alcançado: Nastás havia se
comprometido a sair em maio.
A primeira abordagem teve relativo sucesso. Mas, depois, pressionados de ambos os lados, Saretta e Mello, em Miami, descartaram definitivamente recuar.
Havia ainda a esperança de que
Nastás renunciasse e eles, os melhores, pudessem jogar em abril.
Doce ilusão. Foi com surpresa
que, mais tarde, veriam a formação definitiva da equipe.
Sem muita opção, foi disparado
o primeiro convite. Alexandre Simoni aceitou. Marcos Daniel foi
procurado e só aceitou depois de
conversar com Simoni por telefone. Julio Silva reforçou a equipe,
trazido por Edvaldo Oliveira, seu
técnico e, a partir de então, assistente de Chapecó.
Ao anunciar a equipe, havia
ainda lugar para dois: Franco
Ferreiro, maior promessa do país
até agora, e Marcelo Melo, especialista em duplas. Ricardo
Acioly, porém, técnico dos jovens
tenistas, disse "não". Houve insistência. O "não" persistiu.
O "norte-americano" Josh Goffi,
especialista em duplas e que estava jogando na Itália, foi a solução
encontrada. E estará aqui no começo da próxima semana.
A equipe estava fechada. É com
essa que o Brasil vai.
Festa estrangeira
Os estrangeiros fizeram a festa na tradicional Copa Gerdau, em Porto
Alegre. O argentino Eduardo Schwank e a russa Irina Kotkina foram
campeões na categoria 18 anos. Na 16, deu o paraguaio Daniel Lopez
e a uruguaia Maria Eugênia Roca. O Brasil ganhou com André Stábile, na 14 anos. No feminino, deu a argentina Carla Beltrami. O gaúcho
Guilherme Clezar e a paranaense Isabela Miró Campos ganharam na
categoria 12 anos, e Bernando Bertolucci, na 10 anos.
Última hora
Termina hoje o prazo de inscrição para a primeira etapa Circuito
Unimed, que será disputada em Joinville a partir do dia 12. Mais informações podem ser obtidas no site da Federação Catarinense de
Tênis (www.fct.org.br) ou pelo telefone 0/xx/48/228-9539.
E-mail randaku@uol.com.br
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