São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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GRUPO A/ HOJE

Sem Zidane, equipe tem estreante como rival e é quase a mesma do título de 1998

Com base igual e mais rica, França abre Copa

DOS ENVIADOS A SEUL

É uma França bem diferente daquela de 1998 a que abre hoje em Seul (Coréia do Sul) a primeira Copa do milênio contra Senegal, um estreante em Mundiais.
Não são os atletas franceses que mudaram. Sete nomes daquele time titular campeão do mundo formam a espinha dorsal de hoje.
Tampouco a filosofia: Roger Lemerre era o auxiliar de Aimé Jacquet, o treinador que levantou o inédito troféu há quatro anos.
Na verdade, a maior diferença entre a França de então e esta França está fora dos gramados.
Do grupo obstinado a vencer em casa que o país tinha quatro anos atrás emergiu um amontoado de estrelas e, principalmente, uma máquina de fazer dinheiro.
Olhado do ponto de vista financeiro, esse time tem mais do que o dobro de "talento" do anterior. Seus contratos coletivos de patrocínio atingem US$ 35,5 milhões, contra US$ 15,6 milhões em 98.
Os acordos de marketing da seleção brasileira, a mais conhecida equipe de futebol do planeta, valem cerca de US$ 22 milhões.
E o Brasil soma apenas dois patrocinadores oficiais. Já os franceses possuem ligações com 54 empresas, divididas em quatro categorias diferentes de contratos.
Cerca de 40% do dinheiro que entra nos cofres da federação francesa vai para os jogadores.
Para isso, os atletas cumprem extensa agenda de compromissos promocionais: desde posar para foto oficial ao celular até dar entrevista em microfone que estampe a marca de um dos parceiros.
Quem negocia os contratos em nome da equipe é seu capitão, Marcel Desailly, que escreveu em seu livro autobiográfico: ""A carreira é curta, e todas as oportunidades devem ser aproveitadas".
Algo que os franceses têm feito. Aproveitaram o sucesso de 98 para se encaixar em grandes clubes europeus. O resultado é que o grupo atual tem cinco a mais que atuam fora da França do que o antigo, totalizando 18 entre os 23.
Com a base mantida, o grupo envelheceu -a equipe titular (incluído Zidane, que, lesionado, dá lugar hoje a Djorkaeff) tem média de idade de quase 30 anos. Para a maioria deles, é a última Copa.
Com a experiência, a moral é muito superior à de 98. Sobretudo pelo tipo de experiência. Depois do título sobre o Brasil, a França venceu a Eurocopa-2000 e a Copa das Confederações-2001. Como gosta de repetir, ganhou tudo.
Confiança, portanto, não falta. Pode até se dar ao luxo de nem fazer o reconhecimento do campo de hoje -alegou que perderia muito tempo no trânsito de Seul.
""Além da qualidade individual, temos a parte coletiva mais forte. É essa a diferença", disse Desailly.
Do alto de seus milhões e de sua confiança, a França tenta quebrar um tabu de 40 anos. Desde 1962, não há seleção que repita o título. (PAULO COBOS E ROBERTO DIAS)


NA TV - Globo e Sportv, ao vivo, às 8h30



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