São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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JOSÉ ROBERTO TORERO

A estréia das estréias, a primeira partida

Caro leitor, querida leitora, estou escrevendo este texto na quinta-feira, às 10h30 da manhã. Mas, com minha bola de cristal, vou lhe dizer quanto foi o placar do jogo na estréia da Copa: a França ganhou por 4 a 1.
Não, não estou em profundo em estado etílico, não troquei meu pingado por pinga.
É que estou falando de outra estréia, não a de Seul. Minha bola de cristal é defeituosa e, em vez de ver o presente, adivinha o passado. Assim, o que vi foi a estréia das estréias, ou seja, a primeira partida de uma Copa de Mundo, em 1930, no estádio Pocitos, em Montevidéu. Nessa partida, os franceses venceram os mexicanos por 4 a 1. E o autor do gol inaugural foi um francês de nome sonoro: Lucien Laurent.
Creio que você não tem idéia do que aconteceu com Laurent. Não sabe se virou cozinheiro, se foi herói na Resistência Francesa, durante a Segunda Guerra Mundial, se morreu de sífilis às portas do Moulin Rouge. Laurent não é famoso.
Mas o sujeito que marcar o primeiro gol de hoje será famoso. E muito. Ele terá seu nome nos jornais, seu rosto na televisão, sua voz no rádio. Ao menos por um dia.
Porém as glórias são passageiras e daqui a 72 anos talvez ele seja tão esquecido quanto Laurent, apenas um nome citado por um jornalista que tem uma bola de cristal defeituosa.

torero@uol.com.br


PS: A propósito, Lucien Laurent está vivo e, aos 94 anos, é dono de uma brasserie em Besançon



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