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JOSÉ ROBERTO TORERO
A estréia das estréias, a primeira partida
Caro leitor, querida leitora, estou escrevendo este texto na quinta-feira,
às 10h30 da manhã. Mas, com
minha bola de cristal, vou lhe
dizer quanto foi o placar do jogo na estréia da Copa: a França
ganhou por 4 a 1.
Não, não estou em profundo
em estado etílico, não troquei
meu pingado por pinga.
É que estou falando de outra
estréia, não a de Seul. Minha
bola de cristal é defeituosa e, em
vez de ver o presente, adivinha o
passado. Assim, o que vi foi a estréia das estréias, ou seja, a primeira partida de uma Copa de
Mundo, em 1930, no estádio Pocitos, em Montevidéu. Nessa
partida, os franceses venceram
os mexicanos por 4 a 1. E o autor do gol inaugural foi um
francês de nome sonoro: Lucien
Laurent.
Creio que você não tem idéia
do que aconteceu com Laurent.
Não sabe se virou cozinheiro, se
foi herói na Resistência Francesa, durante a Segunda Guerra
Mundial, se morreu de sífilis às
portas do Moulin Rouge. Laurent não é famoso.
Mas o sujeito que marcar o
primeiro gol de hoje será famoso. E muito. Ele terá seu nome
nos jornais, seu rosto na televisão, sua voz no rádio. Ao menos
por um dia.
Porém as glórias são passageiras e daqui a 72 anos talvez ele
seja tão esquecido quanto Laurent, apenas um nome citado
por um jornalista que tem uma
bola de cristal defeituosa.
torero@uol.com.br
PS: A propósito, Lucien Laurent está
vivo e, aos 94 anos, é dono de uma
brasserie em Besançon
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