São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 2000

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Torcida organizada briga e causa avalanche humana

DO ENVIADO AO RIO E

DA SUCURSAL DO RIO

Uma briga entre integrantes de uma torcida organizada vascaína por causa do atacante Romário causou o tumulto que fez com que o jogo decisivo da Copa JH fosse encerrado aos 23min do primeiro tempo, quando Vasco e São Caetano empatavam em 0 a 0.
Sentindo uma contusão na coxa esquerda, Romário foi substituído aos 21min, provocando uma discussão entre integrantes da Força Jovem, que tem a fama de ser a mais violenta do Rio.
Segundo torcedores que estavam no local em que a confusão começou, parte dos vascaínos, decepcionados com a saída do atacante, passou a gritar o nome de Edmundo, desafeto de Romário.
Em seguida, fãs do artilheiro defenderam Romário. Segundo testemunhas, dois torcedores começaram a brigar e uma arma foi mostrada, provocando correria nas arquibancadas.
Torcedores foram empurrados contra o alambrado, que caiu. Alguns deles disseram que foram agredidos por policiais militares, logo após caírem no gramado.
De acordo com o torcedor Anderson da Silva, integrantes da Força Jovem conhecidos como Pain e Magrão iniciaram a briga.
Imediatamente após a queda do alambrado, o juiz Oscar Roberto Godoi interrompeu a partida para que as vítimas fossem atendidas.
Em dez minutos, quatro ambulâncias estavam dentro do gramado. Pelo menos dez pousos de helicópteros aconteceram no campo para levar os feridos.
Eurico Miranda, presidente eleito e atual vice de futebol do Vasco, entrou no gramado para apressar o socorro das vítimas, enquanto os dirigentes do São Caetano pediam o fim do jogo.
"Estão me pressionando. Se tirar o time de campo, perco várias coisas que conquistei, como a vaga para a Libertadores, porque o São Caetano será eliminado", disse Nairo Ferreira de Souza, presidente do clube paulista.
Apesar da intenção do São Caetano de não continuar jogando, a Polícia Militar montou um cordão de isolamento no local em que o alambrado caiu e deu garantias de segurança aos torcedores e jogadores.
O secretário da Defesa Civil do Rio, Paulo Gomes Filho, vistoriou o local e também deu o seu aval para que o jogo continuasse. Os jogadores chegaram a se posicionar para recomeçar a partida, mas um telefonema do governador do Rio, Anthony Garotinho, ao secretário da Defesa Civil fez com que o jogo fosse encerrado.
Josias Quintal, secretário da Segurança Pública do Rio, disse ter pedido ao governador para que a partida fosse encerrada. "Tomei essa decisão por causa do que poderia acontecer se o jogo continuasse", afirmou Quintal.
O governador também determinou a interdição do estádio.
Godoi deu o jogo por encerrado após 70 minutos de paralisação. De acordo com o regulamento, a atitude deveria ter sido tomada antes, após 30 minutos.
A decisão irritou Eurico Miranda. "O governador do Rio é incompetente e frouxo. Perguntem a ele se existe uma maneira de devolver o dinheiro aos torcedores", afirmou o dirigente vascaíno.
Para ele, seu time é campeão, pois precisava de um empate em 0 a 0 para ficar com o título. "O São Caetano não tem que recorrer. Eles deveriam estar orgulhosos por terem pisado no gramado de São Januário", disse.
A torcida precisou ser contida pela PM na saída. (FV, RGO e SR)


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