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ATLETISMO
Se vencer entre homens e mulheres, Quênia ultrapassa o Brasil em conquistas na tradicional corrida paulistana
São Silvestre vê hoje tira-teima do século
EDUARDO OHATA
ERICH BETING
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O queniano Paul Tergat, 31, corre hoje, a partir das 17h, na 76ª
edição da Corrida Internacional
de São Silvestre para consagrar a
si mesmo e seu país.
Caso vença a tradicional prova
paulistana, que sempre acontece
no último dia de cada ano, Tergat,
que acumula quatro títulos
(1995/96/98/99), se tornará o
maior campeão da prova, além de
fazer o Quênia alcançar (ou passar, dependendo do resultado da
prova feminina, que acontece
duas horas antes), o Brasil na liderança do ranking de títulos.
Desde 1945, quando se iniciou a
fase internacional da São Silvestre, os brasileiros, somando-se as
provas masculina e feminina,
acumulam nove triunfos, contra
oito dos quenianos.
Tergat, porém, desdenha seu retrospecto e prefere não pensar
nisso durante a prova de hoje.
"Não traço esse tipo de plano
para uma prova como a São Silvestre, em que tudo é possível",
diz o queniano. "Pensar desse jeito aumenta a pressão na hora de
correr, por isso me concentro somente na prova."
Bicampeão mundial da meia-maratona e penta de cross
country, Tergat divide o título de
atleta que mais venceu a prova
com outros três corredores: o belga Gaston Roelants (1964/65/67/
68), o mexicano Victor Mora
(1972/73/75/81) e o equatoriano
Rolando Vera (1986/87/88/89).
No masculino, o Brasil é o líder
isolado na classificação por países, com sete títulos. Quenianos,
belgas e colombianos vêm a seguir, com seis cada um.
Mas, se as sete vitórias do Brasil
não marcaram época -os brasileiros venceram em 1945, 1946,
1980, 1983, 1985, 1994 e 1997-, o
mesmo não pode ser dito das do
Quênia, cuja tradição na prova
paulistana é um fato novo.
Até 1992, nenhum atleta queniano havia conquistado um título
da São Silvestre. A vitória de Simon Chemwoyo, naquele ano,
mudou a história da competição.
De lá para cá, os atletas do Quênia venceram oito vezes -são
seis títulos masculinos e dois femininos. Seis das últimas oito
corridas masculinas foram vencidas pelos africanos: Tergat venceu
quatro vezes, e Chemwoyo ganhou as outras duas (1992 e 1993).
No mesmo período, o Brasil
venceu apenas duas vezes: em
1994, com Ronaldo da Costa, e em
1997, com Émerson Iser Bem.
Mas as esperanças brasileiras
não estão com os ex-campeões da
corrida. Marílson dos Santos, que
ficou em quarto em 1999, é quem
tem mais chances. Vanderlei Cordeiro de Lima, ouro na maratona
do Pan-Americano de Winnipeg-99, e Iser Bem, se vencerem, poderão ser considerados zebras.
Iser Bem está há dois anos se recuperando de seguidas contusões, e Lima corre em uma prova
na qual não é especialista.
Mas, se no masculino os quenianos foram melhores, na versão
feminina da prova os resultados
são iguais. Brasil e Quênia têm
dois títulos cada um nos anos 90.
Pelo Brasil, venceram Carmem de
Oliveira (1995) e Roseli Machado
(1996). Já as vitórias quenianas foram de Hellen Kimayo (1993) e
Lydia Cheromey (1999).
Este ano, porém, as quenianas
devem ultrapassar as brasileiras.
Além da atual campeã, que, segundo a própria, é a grande favorita, outras duas atletas do país
têm condições de vencer a prova:
Leah Kiprono e Jane N'Gotho.
Márcia Narloch, bicampeã da
Meia-Maratona de São Paulo
(1999 e 2000), e Cleuza Maria Irineu, brasileira mais bem classificada na prova de 1999 -ficou na
sexta posição-, são as duas atletas nacionais com alguma chance.
Mas a esperança da torcida já se
desfaz nas pretensões das duas
corredoras -de somente "conseguir um lugar no pódio".
NA TV - Gazeta e Sportv, às
15h, ao vivo, prova feminina;
Gazeta, Globo e Sportv, às 17h, ao
vivo, prova masculina
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