São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 2000

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ATLETISMO
Se vencer entre homens e mulheres, Quênia ultrapassa o Brasil em conquistas na tradicional corrida paulistana

São Silvestre vê hoje tira-teima do século

EDUARDO OHATA
ERICH BETING
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O queniano Paul Tergat, 31, corre hoje, a partir das 17h, na 76ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre para consagrar a si mesmo e seu país.
Caso vença a tradicional prova paulistana, que sempre acontece no último dia de cada ano, Tergat, que acumula quatro títulos (1995/96/98/99), se tornará o maior campeão da prova, além de fazer o Quênia alcançar (ou passar, dependendo do resultado da prova feminina, que acontece duas horas antes), o Brasil na liderança do ranking de títulos.
Desde 1945, quando se iniciou a fase internacional da São Silvestre, os brasileiros, somando-se as provas masculina e feminina, acumulam nove triunfos, contra oito dos quenianos.
Tergat, porém, desdenha seu retrospecto e prefere não pensar nisso durante a prova de hoje.
"Não traço esse tipo de plano para uma prova como a São Silvestre, em que tudo é possível", diz o queniano. "Pensar desse jeito aumenta a pressão na hora de correr, por isso me concentro somente na prova."
Bicampeão mundial da meia-maratona e penta de cross country, Tergat divide o título de atleta que mais venceu a prova com outros três corredores: o belga Gaston Roelants (1964/65/67/ 68), o mexicano Victor Mora (1972/73/75/81) e o equatoriano Rolando Vera (1986/87/88/89).
No masculino, o Brasil é o líder isolado na classificação por países, com sete títulos. Quenianos, belgas e colombianos vêm a seguir, com seis cada um.
Mas, se as sete vitórias do Brasil não marcaram época -os brasileiros venceram em 1945, 1946, 1980, 1983, 1985, 1994 e 1997-, o mesmo não pode ser dito das do Quênia, cuja tradição na prova paulistana é um fato novo.
Até 1992, nenhum atleta queniano havia conquistado um título da São Silvestre. A vitória de Simon Chemwoyo, naquele ano, mudou a história da competição.
De lá para cá, os atletas do Quênia venceram oito vezes -são seis títulos masculinos e dois femininos. Seis das últimas oito corridas masculinas foram vencidas pelos africanos: Tergat venceu quatro vezes, e Chemwoyo ganhou as outras duas (1992 e 1993).
No mesmo período, o Brasil venceu apenas duas vezes: em 1994, com Ronaldo da Costa, e em 1997, com Émerson Iser Bem.
Mas as esperanças brasileiras não estão com os ex-campeões da corrida. Marílson dos Santos, que ficou em quarto em 1999, é quem tem mais chances. Vanderlei Cordeiro de Lima, ouro na maratona do Pan-Americano de Winnipeg-99, e Iser Bem, se vencerem, poderão ser considerados zebras.
Iser Bem está há dois anos se recuperando de seguidas contusões, e Lima corre em uma prova na qual não é especialista.
Mas, se no masculino os quenianos foram melhores, na versão feminina da prova os resultados são iguais. Brasil e Quênia têm dois títulos cada um nos anos 90. Pelo Brasil, venceram Carmem de Oliveira (1995) e Roseli Machado (1996). Já as vitórias quenianas foram de Hellen Kimayo (1993) e Lydia Cheromey (1999).
Este ano, porém, as quenianas devem ultrapassar as brasileiras.
Além da atual campeã, que, segundo a própria, é a grande favorita, outras duas atletas do país têm condições de vencer a prova: Leah Kiprono e Jane N'Gotho.
Márcia Narloch, bicampeã da Meia-Maratona de São Paulo (1999 e 2000), e Cleuza Maria Irineu, brasileira mais bem classificada na prova de 1999 -ficou na sexta posição-, são as duas atletas nacionais com alguma chance.
Mas a esperança da torcida já se desfaz nas pretensões das duas corredoras -de somente "conseguir um lugar no pódio".

NA TV - Gazeta e Sportv, às 15h, ao vivo, prova feminina; Gazeta, Globo e Sportv, às 17h, ao vivo, prova masculina



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