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FUTEBOL
Previsões para 2001
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
V ão aqui algumas previsões
para o ano 2001.
Sei que o futuro é incerto, que a
vida e o futebol têm muitos mistérios, mas não custa arriscar.
Aparecerá pelo menos um novo
craque, um novo "gato" e um novo passaporte falso no futebol.
O governo dirá que as reformas
para diminuir os problemas sociais só dependem dos políticos.
Os políticos dirão que o governo
não tem coragem de fazer as mudanças sociais que o país precisa.
Seguirá a discussão: futebol arte
x futebol de resultados; futebol
ofensivo x futebol defensivo.
Algum jogador terá seu exame
antidoping positivo, mas negará.
Permanecerão as dúvidas sobre
o joelho do Ronaldo da Inter.
Quase todos os times mudarão
de técnico. Leão será criticado na
direção da seleção brasileira.
A torcida vai vaiar Rivaldo e
pedir sua substituição na seleção.
O Brasil irá obter a classificação
para a Copa de Mundo de 2002.
Permanecerá a dúvida se Romário irá jogar a próxima Copa.
A média de faltas no futebol
brasileiro continuará acima de 50
por partida.
Os técnicos afirmarão que todas
as equipes jogam assim e que esse
é o futebol moderno.
A final do Campeonato Brasileiro será depois do Natal.
O próximo melhor do mundo,
da Fifa, atuará na Europa.
As CPIs prosseguirão com seus
trabalhos e darão o pontapé inicial para as mudanças no futebol.
Não haverá consenso sobre o
novo calendário do futebol.
No próximo Natal, as pessoas ficarão mais solidárias e caridosas.
Os clubes terão grandes prejuízos, por causa dos altos salários e
contratações equivocadas.
Vou guardar essa crônica. A
maioria das previsões servirá para o ano que vem.
Há um ano, mudei de um apartamento na região central, rodeado de vários outros prédios, lojas,
bares e restaurantes, para uma
casa ao lado de uma mata, nos
arredores de Belo Horizonte.
Parei com meu trabalho na TV
e com as viagens. Passei a ler
mais, assistir a jogos de futebol
pela TV, escrever minhas colunas
e ir ao cinema com mais freqüência. Não gosto de ver filmes na televisão.
Pela primeira vez, prestei atenção no tempo e na natureza. Conheci, de perto, as quatro estações. Vi o aparecer e o desaparecer das flores, o sol, o vento, o frio,
o calor, a chuva e outras coisas.
Conheci alguns pequenos animais e seus hábitos. Presenciei o
nascimento de uma borboleta e
outros fenômenos da natureza.
Nesse final de ano, os passarinhos retornaram com seus cantos. Uma verdadeira sinfonia.
Tenho uma nova companheira
em casa. Lambreca. Uma cachorrinha dócil e esperta. Corre mais
que o Euller. Chegou pequena, recém-nascida e já está enorme.
Os olhos de Lambreca são verdes, iguais aos da Vera Fischer.
Deve ser a origem alemã. No sonho, as duas imagens se misturam.
Felizmente, ela parou de lambrecar a varanda onde gosto de
ler. O problema agora é que ela
descobriu a rua, a mata e o mundo. Some e depois retorna. Estou
me sentindo um pai angustiado
com seu pequeno filho. Fora as reclamações dos vizinhos.
Começo a entender por que as
pessoas gostam tanto da companhia de um cão. Ele não sente raiva, rancor, ódio, inveja, ciúme e
outros sentimentos comuns nos
seres humanos.
Sempre que chego em casa,
Lambreca fica tão emocionada
que urina enquanto corre em minha direção. Nenhum ser humano é tão explícito.
Os humanos vivem na falta de
alguma coisa que o complete.
Dessa incompletude é que nasce o
sonho. Precisamos dele para viver. O animal não tem esse vazio.
Ele se basta.
Nesse tempo de reflexão trabalhei e cultuei a preguiça, um dos
pecados capitais. Tive vontade de
não fazer nada e de fazer tudo. A
preguiça foi maior que o desejo.
Final de ano é momento de planejar e sonhar. Repensar a vida.
Redescobrir o mundo. Conciliar o
trabalho com a amizade, amor,
viagens e o ócio. Desfrutar de outros pecados.
Já conheço as quatro estações.
E-mail - tostao.folha@uol.com.br
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