São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 2000 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO JOSÉ HENRIQUE MARIANTE E o ouro vai para... Michael
Schumacher, finalmente campeão pela Ferrari, finalmente reconhecido como um dos melhores de todos os tempos. A partir
do ano que vem, corre por mais títulos e recordes, não mais para calar seus detratores. Fica com a prata... Mika Hakkinen, o principal homem da McLaren depois do projetista Adrian
Newey -e é exatamente isso que
o separa de Schumacher, que
nunca será menor que o diretor
ferrarista Ross Brawn. Bem longe do pódio: ficou todo
mundo que não sentava em um
dos quatro carros de McLaren e
Ferrari. Em números, foi a temporada mais monótona da história da F-1. O pódio teve apenas
três "alienígenas" no ano todo:
Ralf Schumacher, Giancarlo Fisichella e Heinz-Harald Frentzen. Acabou: definitivamente a era
Senna. O piloto brasileiro morto
em 1994 assombrou o automobilismo nacional até o dia 30 de junho deste ano, quando Rubens
Barrichello venceu de forma espetacular o GP da Alemanha, em
Hockenheim. Até como fantasma
Senna se mostrou competente. Começou: definitivamente a era
das montadoras na F-1. E a primeira vítima, a Minardi, pode capitular antes mesmo de as grandes fábricas partirem para o confronto diretamente nas pistas. Se a CPI chamasse... alguém do
esporte a motor causaria surpresa
o "profissionalismo" do meio. Como eu suspeitava... Rubens
Barrichello não conseguiu passar
a temporada de boca fechada. Falou muito. E muita bobagem.
Ruim para ele, ruim para o torcedor que esperava mais que um
quarto lugar no campeonato. Quebrei a cara: ao imaginar que
as 500 Milhas de Indianápolis
nunca mais empolgariam. Juan
Pablo Montoya brilhou, comprovando que falta ao "Speedway"
apenas mão-de-obra qualificada.
E quebrei a cara também ao imaginar que incompetência brasileira na Indy não tinha limites. Gil de
Ferran, piloto sério e desacreditado, foi campeão e provou que
nunca é possível generalizar. Um dia para esquecer: foi aquele
sábado do GP Brasil, com placas
da Marlboro caindo em plena pista durante o treino oficial. Um
fiasco, transmitido ao vivo para
metade do mundo -a outra metade não tem TV. Um dia para lembrar: 30 de junho de 2000, Hockenheim, Alemanha. Das últimas filas do grid
para o primeiro lugar, debaixo de
sol, chuva e, principalmente, da
descrença do público de seu país.
Depois daquele domingo, Barrichello poderia parar de correr. A frase: "Vocês não fazem idéia
do que eu estou sentindo", de
Schumacher, aos prantos, depois
de igualar o recorde de 41 vitórias
de Senna, no GP da Itália. A imagem: a ultrapassagem de
Hakkinen sobre Schumacher e o
retardatário Ricardo Zonta, no
GP da Bélgica, uma das mais belas
manobras da história da F-1. O que levar para o século 21: as
façanhas, os dramas, as histórias
de meio século de automobilismo
profissional, que atualmente dá
poucos sinais de que irá suportar
outros 50 anos de existência. O que deixar no século 20: a morte desnecessária. |
|