|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIA DO TRABALHO
Stripper sonha em mudar de emprego
da Reportagem Local
"Quando estou no palco, com
todos aqueles homens me olhando, me sinto uma Sharon Stone."
É assim que Morgana Vitty, 22, fala de seu trabalho. Há dois anos
ela é dançarina numa boate de
striptease em São Paulo.
Descontraída, diz que começou
na profissão por acaso: "Eu era assistente social numa creche, e minha ex-cunhada me convidou para vir aqui. Sempre quis conhecer
esse tipo de lugar. Gostei e acabei
ficando".
Morgana ganha, em média, R$
1.500 por mês. Além do salário de
dançarina, a casa paga uma comissão para as garotas por cada
bebida que seus "acompanhantes" bebem. A função das garotas,
quando não estão dançando, é
circular pela casa, conversar com
os clientes e fazer com que eles se
sintam bem. Ela deixa claro que
não é garota de programa: "Quem
trabalha aqui não pode fazer programa nem usar drogas. Se o gerente descobrir, manda embora
na hora", garante.
A casa é frequentada por casais,
office-boys, desempregados e até
senhores de idade. Paga-se R$ 7
para entrar, com direito a uma bebida. No intervalo entre um show
de striptease e outro, os frequentadores assistem a filmes pornográficos em um telão.
Os shows duram cerca de 15 minutos, e as dançarinas interpretam personagens diferentes a cada apresentação. O preferido da
galera é a noiva abandonada na
porta da igreja.
Morgana também já é mãe. Dedica ao menino de um ano e dois
meses todo o tempo em que não
está trabalhando. Garante que,
graças à profissão, pôde dar uma
vida digna e feliz ao filho.
"Muitos homens vêm aqui só
para conversar. Chegam carentes,
cheios de problemas em casa. Tomam uma cervejinha, assistem ao
show, conversam com uma garota e vão embora contentes. Não
vejo nenhum problema nisso,
mas não quero fazer isso pelo resto da minha vida."
No momento, Morgana está
sem namorado. "De vez em quando aparece um cara legal, mas eles
cobram muito e ficam com ciúme, porque eu sempre conto o
que faço."
Apesar de não achar nada errado no que faz, Morgana esconde
sua profissão dos pais, que moram fora de São Paulo. Quando liga para casa, ela diz que é balconista em uma loja. Morgana pensa em continuar no emprego por
mais cinco anos e diz que depois
pretende abrir seu próprio negócio. Só então, garante, será "totalmente feliz".
Quanto ao futuro do Brasil, ela é
pessimista: "Acho que as coisas só
vão piorar. O problema é que o
brasileiro é um povo mal-educado, que só quer levar vantagem.
Além disso, nossos governantes
não pensam em ninguém a não
ser neles mesmos. Do jeito que as
coisas estão, não dá mesmo para
ser muito otimista. No Brasil, é
cada um por si, ninguém ajuda o
outro".
(GABRIEL GAIARSA)
Texto Anterior: Webmaster dedicava as férias ao trabalho Próximo Texto: Produtor trocou publicidade pela moda Índice
|