São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2000


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Overdose de Anna Júlia dá ressaca


CLAUDIA ASSEF
da Reportagem Local



O sucesso é bom, não é? Depende. Que o digam Los Hermanos, responsáveis pelo megasucesso radiofônico "Anna Júlia". No caso deles, a popularidade da música chegou a atrapalhar a carreira.
"Anna Júlia", um rock meiguinho com jeito de jovem guarda, marcou como um carimbo a sonoridade da banda. Eles, no entanto, se consideram uma banda de rock pesado. "A gente só quer mostrar que é uma banda de hardcore. Estamos topando bancar uma de anti-herói", resume o vocalista Marcelo Camelo, 22, autor da letra mais cantarolada no país nos últimos meses. Para piorar a situação, a gravadora Abril Music escolheu, como próxima música de trabalho, a ultraromântica "Primavera". "A gravadora só piorou as coisas escolhendo essa música para divulgar", detona o tecladista Bruno Medina, 21. "Se dependesse de nós, teríamos escolhido uma faixa mais pesada."
Para o vocalista, o sucesso de "Anna Júlia", apesar de ter trazido alguns transtornos, teve um lado positivo. "Vendemos 200 mil cópias do CD graças a uma música. Isso significa que pelo menos 200 mil pessoas sabem que somos mais do que "a banda que toca Anna Júlia'", avalia Marcelo.
"Adoramos a música, mas certamente ela criou um estigma", diz Marcelo. "Anna Júlia" foi por mais de um mês a música mais tocada do Brasil, à frente de pagodes, axés, sertanejos etc. "Tenho orgulho de ter ajudado a colocar o rock em evidência."
"Dá um certo bode as pessoas só conhecerem a gente por causa de uma música", diz Bruno. "E agora tem aquela coisa: pega mal gostar de Los Hermanos, porque sua empregada também pode gostar. É muito chato", desabafa.
Na hora do show, a reação do público varia muito quando a banda toca seu hino. "Nas cidadezinhas, "Anna Júlia" é o ponto alto dos shows. Mas em São Paulo, as pessoas ficam com cara de "Ih, só sabe tocar essa'", diz Marcelo.
No ano passado, houve até uma recepção barra-pesada para cima da banda, com vaias e tudo. "Fomos fazer um show-surpresa no bar Opinião, em Porto Alegre, e fomos muito mal recebidos", lembra Bruno.
"Tenho até dó da garota (Anna Júlia, amiga dos integrantes que inspirou a letra da música). As pessoas ligam para ela pedindo entrevistas, querem saber como ela é. Chegamos a pedir desculpas pelo transtorno", diz Bruno.



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