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São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2003

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FOLHATEEN EXPLICA

Conclusões se aplicam apenas a fungos, não a seres humanos

Estudo sugere como o vinho pode prolongar a vida

DA "NEW SCIENTIST"

"In vino veritas" ("no vinho, a verdade"), diz um antigo ditado latino. Além disso, agora os cientistas tentam provar que o vinho é uma espécie de elixir da juventude.
Segundo sugere um estudo realizado na Universidade Harvard (EUA), uma molécula encontrada em vinhos tintos provoca o mesmo efeito de prolongamento da vida que uma dieta de baixas calorias em leveduras (uma espécie de fungo utilizado, entre outros, na produção da cerveja).
A descoberta pode servir de explicação para os muito difundidos efeitos benéficos do consumo de vinho tinto. E, se forem obtidos resultados positivos em testes com mamíferos, espera-se que a substância possa vir a ser usada em humanos no combate de doenças relacionadas ao envelhecimento.
"Setenta anos atrás, descobriu-se que uma dieta reduzida de calorias ampliava a expectativa de vida em ratos. E, nos últimos 70 anos, não nos cansamos de buscar explicações para isso", disse o pesquisador David Sinclair, que conduziu o estudo na escola de Medicina de Harvard. "Dessa vez, mostramos que é possível controlar a longevidade com uma pequena molécula."
A chave química é um polifenol chamado resveratrol, encontrado em uvas. Estudos feitos anteriormente já haviam mostrado que ele poderia proteger contra doenças cardíacas, mas sua capacidade de prolongar a longevidade em leveduras ainda está longe de poder ser estendida a humanos. "Há uma enorme distância entre leveduras e humanos", alerta David Finkelstein, pesquisador do Instituto Nacional de Envelhecimento, em Washington (EUA). "Mas isso, pelo menos, aponta uma direção."
A restrição calórica em leveduras ativa uma enzima chamada SIR2, que se acredita ser capaz de estender a longevidade por meio de uma estabilização do DNA.
Sinclair e seus colegas encontraram um grupo de polifenóis capazes de ativar essa enzima nas leveduras. A mais potente delas é o resveratrol, que amplia em cerca de 70% a sobrevida desses fungos.
Estudos sugerem que o resveratrol age como um antioxidante, eliminando os radicais livres que causam danos às células. Mas Sinclair descobriu que esse composto não tem grande efeito sobre leveduras.
"A expansão da expectativa de vida parece depender mais da ativação da enzima SIR2", ele explica. Sinclair também acredita que esse processo é o responsável pelos efeitos benéficos do vinho tinto.
Enquanto isso, as pessoas podem tomar um cálice de vinho no jantar, mas "é besteira dizer que beber vinho todo dia vai fazer alguém viver até os 150 anos", brinca Finkelstein.


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