UOL


São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Associação estima a criação de 200 mil vagas temporárias no fim do ano

Sonhos de um emprego

MARCOS DÁVILA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Barba bem feita, gel no cabelo, a melhor camisa do guarda-roupa, várias cópias do currículo debaixo do braço e muita disposição para bater perna pelos shoppings e centros comerciais da cidade. Foi dessa forma que Tarik Bechara Leal, 17, começou suas férias neste ano. "Quero guardar uma grana para poder curtir uma praia", diz.
Como ele, muitos jovens aproveitam esta época do ano para levantar um dinheiro graças ao aumento da oferta de empregos temporários. Segundo Necesio Tavares, presidente da Assertem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário), a estimativa é de 200 mil vagas temporárias neste final de ano.
"Os jovens têm mais chance de preencher essas vagas porque a exigência de experiência não é requisito na maior parte dos casos", afirma Tavares.
De acordo com a Assertem, a lei nš 6.019/74, que regula o trabalho temporário, só autoriza esse tipo de vínculo empregatício em duas circunstâncias: quando ocorre acúmulo de serviço em decorrência do aumento da produção e da demanda e em substituições legais (férias e licença-maternidade).
Vale lembrar que o funcionário temporário tem todos os direitos de um trabalhador normal, com férias e décimo terceiro proporcional ao tempo de trabalho -no máximo 90 dias, que podem ser prorrogados por mais 90 se permanecer a demanda acentuada de serviço.
"Para atender à quantidade de trabalho nas férias, muitas empresas não registram os funcionários para não arcar com os direitos previstos. Eles preferem correr o risco de ter uma ação trabalhista", afirma Tavares.
Para a Adecco, uma das maiores agência de recursos humanos do país, o número de contratações tem um crescimento de 80% no final do ano. "É algo que se repete todos os anos, com um grande número de contratações no ramo de lojistas e no de promoções e eventos", afirma Carla Márcia Souza, gerente de seleção da Adecco.

Chega de mamata
"Agora que as férias começaram e eu terminei o colegial, minha mãe disse que a vida boa, de champanhe e mulheres, acabou", brinca Christian Gobel, 18, que está levando seu currículo de loja em loja, ao lado do amigo Leal.
Enquanto a dupla segue atrás do milho, a pequena Raissa Bromerschenkel, 15, já está com a broa. Ela conseguiu um emprego, até o Natal, de assistente do Papai Noel (ou "noelete", como a apelidaram) na praça do shopping Metrô Santa Cruz (na região sul de São Paulo). "Eu estou achando o máximo, sempre quis trabalhar no shopping", conta a adolescente, que está no primeiro colegial e resolveu dar uma força para a mãe, atualmente desempregada. Mas parte do seu salário (R$ 500 mais ajuda de transporte) já tem destino: vai garantir suas honradas férias à beira-mar.



Texto Anterior: Música: Mais podres do que nunca
Próximo Texto: É possível viajar para fora e ainda ganhar dinheiro
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.