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Associação estima a criação de 200 mil vagas temporárias no fim do ano
Sonhos de um emprego
MARCOS DÁVILA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Barba bem feita, gel no cabelo, a melhor
camisa do guarda-roupa, várias cópias do currículo debaixo do braço e
muita disposição para bater perna pelos
shoppings e centros comerciais da cidade. Foi dessa forma que Tarik Bechara
Leal, 17, começou suas férias neste ano.
"Quero guardar uma grana para poder
curtir uma praia", diz.
Como ele, muitos jovens aproveitam
esta época do ano para levantar um dinheiro graças ao aumento da oferta de
empregos temporários. Segundo Necesio Tavares, presidente da Assertem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário), a estimativa é de 200 mil vagas
temporárias neste final de ano.
"Os jovens têm mais chance de preencher essas vagas porque a exigência de
experiência não é requisito na maior parte dos casos", afirma Tavares.
De acordo com a Assertem, a lei nš
6.019/74, que regula o trabalho temporário, só autoriza esse tipo de vínculo empregatício em duas circunstâncias: quando ocorre acúmulo de serviço em decorrência do aumento da produção e da demanda e em substituições legais (férias e
licença-maternidade).
Vale lembrar que o funcionário temporário tem todos os direitos de um trabalhador normal, com férias e décimo
terceiro proporcional ao tempo de trabalho -no máximo 90 dias, que podem
ser prorrogados por mais 90 se permanecer a demanda acentuada de serviço.
"Para atender à quantidade de trabalho
nas férias, muitas empresas não registram os funcionários para não arcar com
os direitos previstos. Eles preferem correr o risco de ter uma ação trabalhista",
afirma Tavares.
Para a Adecco, uma das maiores agência de recursos humanos do país, o número de contratações tem um crescimento de 80% no final do ano. "É algo
que se repete todos os anos, com um
grande número de contratações no ramo
de lojistas e no de promoções e eventos",
afirma Carla Márcia Souza, gerente de
seleção da Adecco.
Chega de mamata
"Agora que as férias começaram e eu
terminei o colegial, minha mãe disse que
a vida boa, de champanhe e mulheres,
acabou", brinca Christian Gobel, 18, que
está levando seu currículo de loja em loja,
ao lado do amigo Leal.
Enquanto a dupla segue atrás do milho,
a pequena Raissa Bromerschenkel, 15, já
está com a broa. Ela conseguiu um emprego, até o Natal, de assistente do Papai
Noel (ou "noelete", como a apelidaram)
na praça do shopping Metrô Santa Cruz
(na região sul de São Paulo). "Eu estou
achando o máximo, sempre quis trabalhar no shopping", conta a adolescente,
que está no primeiro colegial e resolveu
dar uma força para a mãe, atualmente desempregada. Mas parte do seu salário (R$
500 mais ajuda de transporte) já tem destino: vai garantir suas honradas férias à
beira-mar.
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