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saudades
Um ano sem a ciência de Chico Science
ALEXANDRE LOURES
das Regionais
Há exatamente um ano, os
"mangueboys" ou "caranguejos
com cérebro" perderam seu líder
em um acidente de carro, mas a
batida do mangue continua ditando o ritmo em Recife com ecos em
todo o Brasil.
A Nação Zumbi, banda que
acompanhava Chico, prepara para
março, mês de aniversário do cantor pernambucano, o primeiro
disco depois de sua morte.
O CD, que ainda não tem nome,
está sendo produzido por Eduardo
Bid, o mesmo produtor de "Afrociberdelia".
Segundo a gravadora Sony, o
trabalho deverá ter pelo menos
quatro canções inéditas.
Na faixa "Nos Quintais do Mundo", composta pela Nação Zumbi,
o percurssionista Toca ataca de
vocalista, só que em ioruba -língua falada por parte da população
sudanesa da África Ocidental.
Na instrumental "Dubismo", a
banda reverencia o estilo dub, presente em faixas do primeiro disco,
como "Coco Dub".
A conexão com as novas tecnologias, tão propagada pela banda
de Pernambuco, aparece em "Provedor", uma alusão à Internet, que
tem Jorge Du Peixe nos vocais.
Finalizando as inéditas, o ponto
forte do disco: a música "Malungo", gravada durante uma jam session com Jorge Ben Jor, Marcelo
D2 (vocalista do Planet Hemp),
Falcão e Fred 04 (vocalista do
Mundo Livre S/A e um dos criadores do movimento).
Completando o CD, estão quatro
canções registradas durante turnê
do Chico Science e Nação Zumbi
pela Alemanha e uma inusitada
versão do Planet Hemp para
"Samba Makossa", gravada originalmente no CD "Da Lama ao
Caos", o primeiro dos criadores do
ritmo mangue beat.
Mundo Livre
Outra produção vinda do mangue que deve chegar às lojas entre
março e abril deste ano é o terceiro
CD do Mundo Livre S/A, o primeiro após a morte de Science.
A banda é um dos expoentes do
braço musical do movimento do
mangue, o mangue beat.
A perda do líder do movimento
trouxe para as costas de Fred 04 e
cia. o dever de puxar as ações da
trupe recifense.
Embora Fred 04 negue a responsabilidade de assumir a posição do
velho companheiro, serão inevitáveis as cobranças em torno da novo trabalho da banda.
Segundo Bactéria, guitarrista, o
CD deve ser um meio termo entre
o primeiro, mais sofisticado, e o
"Guentando a Ôia", segundo, com
uma sonoridade crua, quase tomada em primeiro take.
O disco, que já está pronto, deveria ter o nome do conjunto, mas
com o atraso da gravações, os integrantes resolveram pensar em um
outro título que o sintetizasse.
A turnê, pelo menos, já tem nome: "Carnaval na Obra". Esse também é o título de uma das músicas
do disco.
"O Fred teve a idéia dessa música
passando por uma construção em
São Paulo, em que os operários
gritavam "vai chover' ", diz Gutierrez, produtor da banda.
Outro destaque da nova safra do
Mundo Livre S/A é "Bolo de Ameixa", uma parceria com o jornalista
da Folha Xico Sá, que é o autor da
letra da canção.
A música foi uma das primeiras
do conjunto e já estava quase esquecida, assim como "Quarta Parede", que também deve estar no
próximo trabalho.
Essas duas produções do primeiro time da cena recifense provam
que a música do mangue não sucumbiu à perda de sua principal
figura, ao contrário, continua produzindo em seu caldeirão de ritmos e raças o som que melhor caracteriza a diversidade de nosso
país.
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