São Paulo, segunda, 2 de fevereiro de 1998

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Alquimia de ritmos ainda vive

das Regionais

A saga de Francisco França, apelidado de Science por causa do tio de um amigo que gostava de ficção científica, começou com a influência da música negra.
Logo, James Brown e Jorge Ben Jor tiveram a companhia dos raps da Legião Hip Hop na radiola de Chico. Em seguida, veio o ritmo do bloco afro Lamento Negro.
Estava formada na cabeça de Science a alquimia de ritmos que viria a caracterizar a sua música e a de toda uma geração de músicos contemporâneos.
Outra peça do mosaico foi a ação social junto ao Centro de Apoio à Comunidade Carente "Daruê Malungo", que foi determinante para o engajamento de Chico nas questões sociológicas de sua terra natal, tema recorrente em suas letras.
Os companheiros da antiga banda Loutsal, o guitarrista Lúcio e o baixista Alexandre, também entraram em cena. Era o nascimento da Nação Zumbi.
Para completar o circo, faltavam as idéias de Fred 04, o ideólogo do movimento, e o trânsito azeitado do radialista Renato L. pela cena pop de Recife.
Entre maracatus atômicos, idéias do escritor Josué de Castro, criador do símbolo do homem caranguejo, bits de computadores, criatividade e ritmo, o mangue beat (que começou como manguebit) foi mandando suas influências para todo o Brasil.
A figura da parabólica fincada no mangue foi perfeita para simbolizar o universalismo que os garotos da diversidade musical semearam pelo Brasil e pelo mundo.
Paradoxalmente, dois discos e, alguns anos depois, o abre-alas da revolução musical pernambucana morre em frente a um mangue, nascedouro de cerca de 2.000 espécies de seres vivos, rico como a música de Science.



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