São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005

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MÚSICA

Violoncelistas finlandeses apostam no metal, criam o trio Apocalyptica e o "celo rock", um estilo pesado apoiado em instrumentos de música clássica; leia entrevista ao Folhateen

Orquestra heavy

DANIEL BUARQUE
DA REDAÇÃO

A ligação do rock pesado com a música clássica, tão alardeada pelos metaleiros, nunca foi tão evidente quanto depois que quatro violoncelistas da Finlândia resolveram tocar metal.
Por estranho que pudesse parecer, em 1996 o Apocalyptica lançou seu primeiro disco, interpretando apenas músicas do Metallica. E agora (transformado em trio), depois de 2 milhões de cópias vendidas, lançam seu quinto álbum, "Apocalyptica", apenas com composições próprias e incorporando bateria e voz a algumas das músicas. O Apocalyptica assume uma feição própria: o "celo rock", como chamado pela banda. Rock pesado com instrumentos de música clássica, como conta em entrevista ao Folhateen, Perttu Kivilaakso.

 

Folhateen - Por que vocês aprenderam a tocar violoncelo e não guitarra ou baixo?
Perttu Kivilaakso -
Comecei a aprender violoncelo quando tinha cinco anos e nunca tinha nem ouvido falar de Metallica. Até os 15 eu só tocava música clássica.
Folhateen - O que mudou entre o primeiro disco, com músicas do Metallica, e o novo?
Kivilaakso -
A principal mudança é que esse é um disco de composições próprias. Em nossos shows ainda tocamos algumas versões de bandas, mas cada álbum tem sido completamente diferente do anterior. Quando começamos o novo disco, não sabíamos exatamente como ele iria soar.
Folhateen - Como vocês atingem um som tão pesado tocando apenas violoncelos?
Kivilaakso -
O violoncelo, mesmo quando toca música clássica, sem nenhuma amplificação, já tem um som mais pesado, grave, com o arranhado e gritado que é possível sentir no Apocalyptica. O equipamento que usamos é basicamente o mesmo, só que amplificado e um pouco distorcido nessa amplificação. Usamos algumas afinações ainda mais graves também.
Folhateen - Como foi o processo de incorporação da bateria na banda?
Kivilaakso -
No penúltimo disco, "Reflexions", já tínhamos algumas músicas com bateria porque tivemos a oportunidade de trabalhar com Dave Lombardo, do Slayer. A bateria oferece mais ritmo e liberdade aos violoncelos, já que antes um dos violoncelistas tinha que fazer as vezes de bateria, imitando-a e dando ritmo à música.
Folhateen - E os vocais?
Kivilaakso -
Todas as participações vocais foram altamente experimentais. Nós adoramos toda a experimentação que pudermos fazer. Não gostamos de limitar nosso trabalho a nada nem deixamos que ninguém consiga imaginar o que vamos fazer a cada projeto novo. Talvez fosse interessante incorporar um vocal de ópera, tipo de música que adoramos e que tem uma relação muito próxima com o violoncelo. Seria ótimo se pudéssemos ter, por exemplo, uma participação de Tarja Turunen, do Nightwish.

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