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MÚSICA
A banda canadense de punk rock Simple Plan busca nos
próprios fãs a inspiração para escrever letras baixo-astral
Simplesmente deprê
Divulgação
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O quinteto punk franco-canadense Simple Plan, que deverá passar pelo Brasil no segundo semestre |
DA REPORTAGEM LOCAL
Há quem diga: "Problemas? Já bastam os meus".
E há quem adore ouvir
problemas dos outros em ritmo
de punk rock. Pelo menos os fãs
do quinteto franco-canadense
Simple Plan, que lançou no Brasil
o disco "Still Not Getting Any..."
e participou do filme das gêmeas
Olsen, "No Pique de Nova York",
no ano passado. A banda promete uma turnê de duas semanas
por aqui, entre setembro e outubro deste ano, conforme disse o
baterista Chuck Comeau, 25, em
entrevista ao Folhateen.
O disco, o segundo da carreira
de seis anos do Simple Plan, é
quase uma sessão de análise. Eles
desabafam seus problemas e cantam o quanto pode ser insuportável a vida de um jovem nas 11
faixas que integram o CD.
As letras da banda afirmam
coisas como: "Você deve pensar
que sou feliz, mas eu não vou ficar OK", em "Welcome to My Life"; "Obrigado por me mostrar
que os melhores amigos não podem ser confiáveis", em "Thank
You"; ou "Eu não quero acordar
hoje, porque todos os dias são
iguais", em "Jump".
Afinal, a vida de um jovem de
Montréal é assim tão deprimente? "Falamos sobre nossos momentos difíceis. Não sei se hoje
vivemos momentos difíceis. Mas,
ao viajar pelo mundo, notamos
que muitas pessoas se sentem assim, infelizes. Muitas vêm contar
para a gente como são suas vidas
e muitas dessas histórias influenciam nossas letras", explica o baterista, que diz que parte dessa
inspiração para letras tão baixo-astral vem dos próprios fãs.
"Eles sempre vêm e contam seus problemas, tanto ao vivo como por cartas e e-mail. Por um lado, é tudo muito esquisito,
porque eles pensam que podem contar
problemas para nós, por causa das letras
que escrevemos, e percebem que passaram
pelas mesmas coisas e que se sentem confortáveis para desabafar. No final, é tão
bom para nós quanto para eles."
Com fãs que dão assunto para
as letras do Simple Plan, é claro
que a relação da banda com eles
não poderia ser melhor.
"Desde que montamos o grupo, decidimos que seríamos
uma banda acessível, que gosta
de estar perto do público, que
disponibiliza tempo para os fãs.
Tentamos ouvir todos, passar
algum tempo com eles, escutar o
que eles querem nos dizer. Não
somos do tipo que entra direto
no ônibus e não se importa com
quem está lá fora. É muito melhor conhecer quem gosta de você. Na verdade, eu me divirto
muito estando com eles", conta
Chuck, que, desde os 13 anos, já
tocava em uma banda, a Reset,
que chegou a lançar dois discos
pelo selo independente Cargo.
"Quando era criança, queria
ser jogador de hóquei, mas percebi que nunca seria um atleta
profissional, então me dediquei
à música. Acho que todos nós
sabíamos que esse seria o nosso
lance. Até tentei ir para a faculdade e procurar um trabalho
convencional, mas decidi tocar.
Tivemos sorte, porque conseguimos concretizar um sonho."
A banda conseguiu até ir parar
no cinema. No roteiro de "No
Pique de Nova York", primeira
produção para o cinema das gêmeas Olsen, Mary-Kate é Roxy,
baterista de uma banda de rock
que quer participar de qualquer
jeito da filmagem do clipe do
Simple Plan. "Foi incrível, e não
tivemos de fazer nada além de
tocar. Não precisávamos atuar
de verdade. Foi interessante para ver como é uma superprodução com um monte de dinheiro.
Mesmo assim, tivemos um papel muito importante no filme, afinal foi
por nossa causa que uma delas decidiu ir a
Nova York", conta Chuck.
Questionado sobre o título do disco, "Still
Not Getting Any..." (ainda sem conseguir
nenhum... -esses três pontos significam
"sexo"), Chuck afirma: "Você sempre pode
conseguir mais".
(LEANDRO FORTINO)
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