São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005

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MÚSICA

A banda canadense de punk rock Simple Plan busca nos próprios fãs a inspiração para escrever letras baixo-astral

Simplesmente deprê

Divulgação
O quinteto punk franco-canadense Simple Plan, que deverá passar pelo Brasil no segundo semestre


DA REPORTAGEM LOCAL

Há quem diga: "Problemas? Já bastam os meus". E há quem adore ouvir problemas dos outros em ritmo de punk rock. Pelo menos os fãs do quinteto franco-canadense Simple Plan, que lançou no Brasil o disco "Still Not Getting Any..." e participou do filme das gêmeas Olsen, "No Pique de Nova York", no ano passado. A banda promete uma turnê de duas semanas por aqui, entre setembro e outubro deste ano, conforme disse o baterista Chuck Comeau, 25, em entrevista ao Folhateen.
O disco, o segundo da carreira de seis anos do Simple Plan, é quase uma sessão de análise. Eles desabafam seus problemas e cantam o quanto pode ser insuportável a vida de um jovem nas 11 faixas que integram o CD.
As letras da banda afirmam coisas como: "Você deve pensar que sou feliz, mas eu não vou ficar OK", em "Welcome to My Life"; "Obrigado por me mostrar que os melhores amigos não podem ser confiáveis", em "Thank You"; ou "Eu não quero acordar hoje, porque todos os dias são iguais", em "Jump".
Afinal, a vida de um jovem de Montréal é assim tão deprimente? "Falamos sobre nossos momentos difíceis. Não sei se hoje vivemos momentos difíceis. Mas, ao viajar pelo mundo, notamos que muitas pessoas se sentem assim, infelizes. Muitas vêm contar para a gente como são suas vidas e muitas dessas histórias influenciam nossas letras", explica o baterista, que diz que parte dessa inspiração para letras tão baixo-astral vem dos próprios fãs.
"Eles sempre vêm e contam seus problemas, tanto ao vivo como por cartas e e-mail. Por um lado, é tudo muito esquisito, porque eles pensam que podem contar problemas para nós, por causa das letras que escrevemos, e percebem que passaram pelas mesmas coisas e que se sentem confortáveis para desabafar. No final, é tão bom para nós quanto para eles."
Com fãs que dão assunto para as letras do Simple Plan, é claro que a relação da banda com eles não poderia ser melhor.
"Desde que montamos o grupo, decidimos que seríamos uma banda acessível, que gosta de estar perto do público, que disponibiliza tempo para os fãs. Tentamos ouvir todos, passar algum tempo com eles, escutar o que eles querem nos dizer. Não somos do tipo que entra direto no ônibus e não se importa com quem está lá fora. É muito melhor conhecer quem gosta de você. Na verdade, eu me divirto muito estando com eles", conta Chuck, que, desde os 13 anos, já tocava em uma banda, a Reset, que chegou a lançar dois discos pelo selo independente Cargo.
"Quando era criança, queria ser jogador de hóquei, mas percebi que nunca seria um atleta profissional, então me dediquei à música. Acho que todos nós sabíamos que esse seria o nosso lance. Até tentei ir para a faculdade e procurar um trabalho convencional, mas decidi tocar. Tivemos sorte, porque conseguimos concretizar um sonho."
A banda conseguiu até ir parar no cinema. No roteiro de "No Pique de Nova York", primeira produção para o cinema das gêmeas Olsen, Mary-Kate é Roxy, baterista de uma banda de rock que quer participar de qualquer jeito da filmagem do clipe do Simple Plan. "Foi incrível, e não tivemos de fazer nada além de tocar. Não precisávamos atuar de verdade. Foi interessante para ver como é uma superprodução com um monte de dinheiro. Mesmo assim, tivemos um papel muito importante no filme, afinal foi por nossa causa que uma delas decidiu ir a Nova York", conta Chuck.
Questionado sobre o título do disco, "Still Not Getting Any..." (ainda sem conseguir nenhum... -esses três pontos significam "sexo"), Chuck afirma: "Você sempre pode conseguir mais". (LEANDRO FORTINO)

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