São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2001

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Bússola aponta novos territórios da eletrônica

A mesma inovação apresentada pelo Ladytron pode ser encontrada em uma série de grupos que tem como base para sua música sonoridades eletropop. O Console é um deles. Sua qualidade é garantida pelo selo Matador e o disco "Rocket in the Pocket" foi lançado timidamente pela Trama no ano passado. Trata-se do projeto do alemão Martin Gretschmann, que se ocupa de inventar a trilha sonora do novo milênio usando teclados, baterias eletrônicas e computadores. Quem assiste à MTV conhece Console mesmo sem saber, já que a emissora utilizou trechos de algumas faixas de "Rocket in the Pocket" em suas vinhetas. Martin, que também é o principal programador do grupo The Notwist, junta tecno experimental, synth pop, ambient music e esquisitices eletrônicas de maneira nada óbvia.
Outro integrante do The Notwist, o guitarrista Markus Acher, integra o duo Lali Puna no belíssimo "Tricoder", da Darla Records (www.darla.com). O grupo, que tem uma vocalista meio alemã meio portuguesa, também faz parte da vanguarda eletrônica. Traz vocais femininos, ora singelos ora sensuais, entoando letras em inglês e, pasme, português, como nas faixas "Toca-discos", "Superlotado" e "Rapariga na Banheira". "Tricoder" é eletropop sofisticado e abstrato, como um encontro entre Stereolab e Aphex Twin, se é que dá para imaginar isso.
Distante do universo pop está a dupla finlandesa que compõe o Panasonic, agora também conhecido como Pan Sonic, depois de uma confusão com a indústria japonesa de mesmo nome. Formado por Mika Vainio e Ilpo Vaisanen em 94, o Pan Sonic faz parte da chamada IDM (Inteligent Dance Music) e está tão habituado a montar instalações sonoras em galerias de arte européias quanto a gravar discos e fazer shows. O conceito de música da dupla vai da construção manual de seus instrumentos -que são analógicos, por mais que pareçam o contrário- à predileção por sonoridades e não pela estrutura em que elas se organizam. Este ano, o grupo lançou o impronunciável "Aaltopiiri", que traz o mesmo minimalismo de álbuns anteriores sem carregar no obscurantismo. Pan Sonic pode soar como tortura para ouvidos destreinados. É uma estranha e hipnótica trilha para o subconsciente.


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