|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEXO E SAÚDE
Informação e coragem são armas contra o preconceito
JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA
"Sou negra e namoro um japonês
há três meses. Sei
que existe muito
preconceito e discriminação entre
as duas raças. Não
dou bola para isso, mas tenho receio. A gente se gosta muito. Será que a pressão pode atrapalhar?"
Esse assunto pode atrapalhar a vida de muita gente.
Não importa qual a forma ou o motivo do preconceito: quando ele aparece, traz sofrimento e perda.
Preconceito dificulta as liberdades individuais e deve
ser combatido com inteligência e informação.
Você e seu namorado estão juntos e felizes há três meses. Só isso já deveria bastar.
Mas surge o medo. Você é negra, e ele é japonês. As
duas culturas sofrem preconceitos da sociedade, e, pelo
que você sente, existe ainda o preconceito dos negros
com os japoneses e vice-versa. Como enfrentar isso?
Por que será que as pessoas, ainda hoje, não conseguem viver despreocupadas com essa história de cor,
raça, cultura, religião, origem social ou orientação sexual? Por que essa questão ainda incomoda tanto?
Medo de conviver com a diferença? Insegurança? Desinformação? Não importa. Percebe-se uma dificuldade
em aceitar que o amor não obedece a esses critérios.
Talvez o começo da resposta para sua angústia atual
esteja na sua própria pergunta. Você diz que não dá
muita bola para isso. E esse talvez seja o pontapé inicial.
Indiferença com o preconceito pode ser um começo.
Mas é bem possível que vá chegar o dia em que vocês
terão uma postura mais ativa de combate ao preconceito. Por exemplo, para mostrar a seus pais que isso não é
uma barreira para vocês. Se vocês se gostam, quem disse que não podem ficar juntos?
E essa é uma luta importante para fazer com que a sociedade aprenda com a experiência de vocês e se torne
mais justa, mais generosa e menos preconceituosa.
Qualquer forma de preconceito é ruim! E isso só vai
mudar se cada um de nós
se informar, pensar nos
seus medos e tentar modernizar a cabeça de
quem nos cerca.
Jairo Bouer, 35, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br
Texto Anterior: Música: Livro faz retrato do rock de Brasília Próximo Texto: Rápidas Índice
|