São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005

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SEXO & SAÚDE

Café da manhã com Sue Johanson

JAIRO BAUER

Acabei de tomar café da manhã com a Sue Johanson. Para quem não conhece, ela é a enfermeira com cara de avó simpática que apresenta um programa semanal sobre sexo nos EUA e no Canadá (o ótimo "Falando de Sexo com Sue Johanson", transmitido no Brasil pela GNT). Discutimos alguns pontos importantes, que acho bacana dividir com vocês:
1. Escola é o melhor palco para a discussão da sexualidade. No Canadá, projetos de sexualidade e prevenção são obrigatórios nas escolas. Assuntos polêmicos como controle de natalidade, uso de camisinha, masturbação e aborto estão presentes. Nos EUA, esses projetos não são obrigatórios e têm sido mais superficiais, restritos a descrições anatômicas do sexo. O tom é freqüentemente atemorizante e de resultado duvidoso. Se eu fosse você, caro leitor, pediria que sua escola trabalhasse sexualidade do jeito que você quer aprender. E rápido!
2. Projetos americanos de educação sexual que investiram em abstinência sexual, muitos dos quais apoiados pelo governo Bush, não deram certo. Os estudos mostram que mais de 80% das pessoas que se comprometeram com a abstinência não conseguiram cumprir sua promessa, o que reforça a necessidade de se investir em prevenção.
3. Projetos de controle de natalidade devem acontecer de forma permanente, para garantir o acesso dos jovens aos meios necessários para evitar uma gravidez indesejada e a transmissão de DSTs. A pressão sobre o posto de saúde local pode fazer com que ele se mobilize para fornecer esses meios.
4. O homem tem que aprender a falar mais sobre sexo, e os garotos devem se ligar nessa história. A maior parte das decisões de buscar ajuda ou informação ainda parte da mulher. O homem deve procurar o médico quando está com problemas e precisa se comunicar melhor com suas parceiras.
5. O uso da camisinha ainda é um problema. Muitos jovens não querem enxergar riscos e deixam a prevenção falhar. Os jovens deveriam incorporar, de vez, a importância de se proteger.
6. Para acabar, o Brasil é um país de dimensões colossais. Enquanto uma pequena parcela da população jovem tem acesso à camisinha, à informação e a cuidados médicos, muita gente continua fora da escola, sem meios de se proteger no sexo e sem um suporte do sistema de saúde. Não é à toa que explodem casos de gestação na adolescência, DSTs e tentativas de aborto. Está na hora de mudar tudo isso.


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