São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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CINEMA

Sai em DVD seriado clássico de David Lynch sobre o assassinato misterioso de uma bela adolescente

Quem matou Laura Palmer?

Divulgação
Laura Palmer, cuja morte é o eixo do mistério de "Twin Peaks"


LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Sabe a esquisitice do "Arquivo X", os misteriosos crimes de "CSI", a galera bonita de "O.C.", a morbidez de "A Sete Palmos", os romances de "Dawson's Creek" e os personagens bizarros do "Seinfeld"? Você não viu nada.
Ganhou edição nacional em DVD a primeira temporada da cultuada "Twin Peaks", uma das séries mais badaladas da história da TV exatamente por exagerar todos esses conceitos numa trama só, saída da mente tortuosa do diretor David Lynch.
O primeiro episódio de "Twin Peaks" foi ao ar na rede ABC no dia 8 de abril de 1990. Sem nenhum estardalhaço publicitário e com uma divulgação discreta no meio jornalístico. Um teste.
"Twin Peaks" foi o piloto de série mais visto da TV americana e virou mania nacional. Era quase impossível fazer alguém atender o telefone das 20h às 21h, às quintas-feiras, quando o seriado era exibido.
Por seis semanas, os telespectadores americanos só queriam saber de uma coisa: quem havia matado Laura Palmer.
Laura era a loirinha fofa, linda e exemplo de menina, xodó da pacata cidadezinha de Twin Peaks, que logo no começo é encontrada morta à beira de um rio, o corpo embrulhado num plástico.

Torta de cereja
Para ajudar a polícia local, chega ao lugarejo um excêntrico agente do FBI, tão interessado em montar o quebra-cabeças do assassinato quanto em comer tortas de cereja e rosquinhas.
E Twin Peaks, um povoado de gente comum chacoalhado pelo assassinato da musa da cidade, vai mostrando que seu povo não era nada comum. E Lynch, revelando, cena a cena, que nada e, principalmente, ninguém era o que aparentava ser.
"Twin Peaks", a série, tem, hoje, cheiro de datada, tal qual o grunge na música, outra revolução da mesma época e quase do mesmo lugar. Mas seu clima e a diversidade de personagens malucos ainda fascina.
David Lynch, que dirigiu recentemente "Cidade dos Sonhos", junta uma trilha sonora sensacional, um sombrio ambiente de cidade próxima de florestas e cachoeiras, semáforos que balançam ao vento na estrada vazia. E, transitando nesse espaço, há o fortão inescrupuloso que bate na mulher, uma anão dançarino, uma mulher com um tampão no olho, outra que não larga de um tronco de árvore. Há também o guarda bobão, que namora a secretária maluca, a mãe histérica, o militar metódico, os bad boys, as good girls e a doce Laura, que, aos poucos, vamos descobrindo que tem uma atividade secreta que a liga a prostituição, sadomasoquismo e cocaína.
Exibido pela Globo em 1991, o seriado de David Lynch é ainda hoje discutido em três comunidades da moderna sala de bate-papo do Orkut, uma das quais brasileira.
Mas DVD que sai agora, atenção, não revela o assassino de Laura Palmer. Para isso, será preciso esperar pela segunda temporada da série, que deve ser lançada em 2005.
A caixa dos discos é envolta por uma capa com a foto de Laura linda e feliz. Quando ela é retirada, Laura surge outra vez, mas desta vez morta, como na foto acima.
Será que ela foi criada por David Lynch?


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