São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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Um dia na vida "normal" dos Strokes

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA, em San Diego (Califórnia)

Passa um pouco das 16h quando um gigantesco Lincoln prateado, modelo Signature Series, estaciona atrás do ginásio principal da Universidade da Califórnia em San Diego (Costa Oeste dos EUA).
No carro -de luxo, mas nada estiloso; uma barca, enfim-, vêem-se dois dos nomes mais associados às palavras "estilo" e "atitude": Albert Hammond Jr. e Julian Casablancas. Pela ordem, guitarrista e cantor dos Strokes, a banda mais comentada do século 21.
"Escuta Aqui" também está ali, preparando-se para entrevistar o grupo.
Não mais que 20 fãs, na maioria turistas japonesas, esperam pelos Strokes. Elas pedem, e a banda concede: autógrafos, poses para fotos, conversas rápidas. Até Julian, com seu modo "já-vi-tudo-já-fiz-tudo", sorri, sem contrariedade, para as câmeras digitais de última geração.
Como etapa final de um excursão que parece durar eternamente, os Strokes estão em San Diego para um show para 4.000 pessoas, em um ambiente o mais americano (leia-se: asséptico) e universitário (leia-se: "alternativo") possível. Lotação esgotada.
Também no programa, está a dupla satírica Tenacious D, pouco conhecida no Brasil, mas venerada pelos alternativos nos EUA. Foi o ator Jack Black (o gordinho da loja de discos de "Alta Fidelidade"), que canta no Tenacious D, quem chamou os Strokes para o show.
Pergunto a Fabrizio se não se cansa de tantas viagens, mas, do alto de seus 21 anos, ele tira de letra: "Foi o Jack Black quem chamou, era só mais um show, por que não?".
Você já deve ter ouvido falar nos Strokes. Filhos de gente muito rica, estouraram primeiro na Inglaterra, agora também nos EUA e já venderam, mundialmente, 1,5 milhão de cópias de seu único álbum, "Is This It".
Eu já tinha visto dois shows deles, no ano passado, em clima relativamente tranquilo. Agora que atingiram o superestrelato, imaginava encontrá-los envoltos na bruma de estímulos químicos, adulação e egos infinitos.
Imaginei errado.
Se algo impressiova, nas horas que antecedem o show, era a perturbadora normalidade do "backstage". Não exatamente um monastério franciscano (há cerveja, há fumaça, há cheiros, há gente "down" demais), mas ainda assim nada comparável ao que se escreve sobre eles, ao que se poderia esperar.
A passagem de som não dura nem meia hora, Jack Black vê tudo a meu lado, os Strokes falam comigo por 30 minutos, há pouca gente nos camarins, os seguranças são voluntários da universidade, o Tenacious D começa a tocar, todos os Strokes assistem ao lado do palco, Fabrizio passa berrando na minha frente (o momento mais "louco" da noite), o show acaba, groupies entram no "backstage".
Parece que, finalmente, a vida rock and roll vai começar. Mas "Escuta Aqui" precisa ir embora.
E-mail: cby2k@uol.com.br



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