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Gravadoras independentes não param de surgir e de criar condições para a renovação da música brasileira
Amplificando os sons
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem não reclama muito da repetição
da música brasileira, da preguiça das
gravadoras multinacionais, das estações
de rádio que tocam sempre a mesma coisa cem vezes por dia? Por outro lado,
procurando um pouco, é fácil reparar
que a maioria dos artistas legais está fazendo ótimos discos por gravadoras independentes.
E note que as independentes não são só
aquelas bravas e românticas gravadoras
microscópicas capazes de lançar o disco
que você sempre sonhou e nunca achou
que existisse. Hoje, no Brasil, as grandes
gravadoras independentes -como a
Trama e a Abril Music- já possuem estruturas quase tão completas e complexas quanto as das gigantes da indústria
de discos, as famosas "majors".
Quem acompanha de perto o mercado
de discos sabe que os selos independentes existem desde sempre e caminham
em paralelo com as "majors". Mas também sabe que, com os avanços tecnológicos que facilitaram a gravação de um disco, houve um crescimento das pequenas
gravadoras independentes, principalmente das que se dedicam a lançar discos
de rock e de música eletrônica.
É justamente esse crescimento que dá a
impressão de que o mercado independente vem crescendo bastante desde
meados da década de 90.
Segundo Sílvio Pellacani Jr., 28, dono
da Tratore, uma distribuidora criada para atender apenas ao mercado independente, "60% dos discos fabricados no
Brasil hoje são independentes". Nenhum
dos outros entrevistados pelo Folhateen
confirmou esse número. André Szajman, 30, presidente da Trama, estima
que os independentes representem apenas 5% do mercado. Um número bem
menor do que o de mercados como o inglês e o norte-americano, cuja participação dos indies gira em torno de 25%.
Só saberemos quem está certo em relação aos números no futuro, pois nem as
duas associações que reúnem gravadoras - a ABPD (Associação Brasileira
dos Produtores de Discos) e a recém-criada ABMI (Associação Brasileira da
Música Independente)- têm dados sobre esse mercado.
Mesmo que quantificar seja difícil, é fácil dizer que quem gosta de boa música
ganha com o crescimento dos independentes. Há selos para quem é fã de MPB,
de rock, de hip hop, de metal, de punk,
de música experimental, de pop indie, de
sertanejo, de música regional, enfim,
pense num gênero ou num subgênero e
logo terá inúmeros lançamentos entre os
quais escolher.
Outro ponto positivo é que, em muitos
casos, essas gravadoras ajudam a alimentar cenas locais, como acontece em
Goiânia e em Vitória. Em Goiânia, a
Monstro Discos agita a cena indie e
punk. Em Vitória, a Lona Records distribui não só os seus discos como os de outros selos -o que também é feito por
um sem-número de outras indies.
O que realmente precisa de um gás é a
distribuição -o jeito como essa música
chega até você. Mas existem perspectivas
de melhora. A criação da Tratore e o fato
de a Trama querer distribuir discos de
outras gravadoras independentes são
bons sinais. "A distribuição é o problema
de todos, mas os independentes são mais
ágeis para procurar alternativas. Estão o
tempo todo experimentando novos caminhos como a venda em bancas e pela
internet", diz Pena Schmidt, 52, presidente da ABMI.
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