São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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Artista fica livre para fazer aquilo que sabe

DA REPORTAGEM LOCAL

Você que tem uma banda ou que canta e já sonhou em gravar um disco preferiria ser contratado de uma grande gravadora ou de uma independente? Você sabe quais são as diferenças?
O roqueiro Lobão, 44, na ativa desde os anos 70, deixou as gravadoras multinacionais nos anos 90 e seguiu o caminho da independência. "O legal é que, como artista, você participa de todo o processo, tem mais autonomia. A única desvantagem é a falta de acesso ao rádio", diz.
Segundo Lobão, os independentes dão ao jovem artista uma chance de ter mais liberdade e de ficar longe da figura do diretor artístico de uma "major". "Você não vai ouvir coisas do tipo: "Fala alguma coisa mais para cima", "Isso não vai tocar no rádio", "Seu visual está muito radical". Esse tipo de interferência é o pior. É o que deixa a rapaziada com raiva."
Para Lobão, outro fator que estimula o caminho independente é que hoje a cena musical é muito menos ingênua do que quando ele começou. "Há festivais enormes, um atrás do outro, e as pessoas estão mais profissionalizadas."
A cantora Stela Campos, 36, também prefere a independência, embora tenha de trabalhar como jornalista para se sustentar. "A vantagem é que tenho total liberdade na hora de criar", diz.
Uma voz dissonante é a do trompetista do Karnak, Marcos Bowie, 32. "Olha, o ideal é ir direto para uma "major", mas é difícil. Como independente você consegue contratos melhores no sentido artístico e não tem intromissão na escolha do repertório. Mas não é um trabalho que tenha apoio financeiro e uma estratégia de marketing", diz.
Mesmo que você escolha ser indie, tem de saber que a batalha não é fácil. A maior parte dos selos escolhe trabalhos prontos. "Fazemos como o selo Matador. Ouvimos o disco e, se gostamos, lançamos", diz Carlos Farinha, 32, sócio do Bizarre, responsável pelos lançamentos menos convencionais do mercado.
Poucos ainda fazem como a veterana mineira Cogumelo Records, que leva o artista para o estúdio, cuida de toda a produção e da divulgação.
Mas isso não deve servir de desânimo. Se você toca, deve saber que o que vale mesmo são os contatos. Tanto César Lost, 26, da Highlights Sounds, como André Tauil, 31, da Thirteen Records, dois dos selos mais legais para quem curte rock, do metal ao hardcore, dizem que gravam as bandas que conhecem e que não têm preguiça de trabalhar. (GW)


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