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Artista fica livre para fazer aquilo que sabe
DA REPORTAGEM LOCAL
Você que tem uma banda ou que canta
e já sonhou em gravar um disco preferiria ser contratado de uma grande gravadora ou de uma independente? Você
sabe quais são as diferenças?
O roqueiro Lobão, 44, na ativa desde os
anos 70, deixou as gravadoras multinacionais nos anos 90 e seguiu o caminho
da independência. "O legal é que, como
artista, você participa de todo o processo,
tem mais autonomia. A única desvantagem é a falta de acesso ao rádio", diz.
Segundo Lobão, os independentes dão
ao jovem artista uma chance de ter mais
liberdade e de ficar longe da figura do diretor artístico de uma "major". "Você
não vai ouvir coisas do tipo: "Fala alguma
coisa mais para cima", "Isso não vai tocar
no rádio", "Seu visual está muito radical".
Esse tipo de interferência é o pior. É o
que deixa a rapaziada com raiva."
Para Lobão, outro fator que estimula o
caminho independente é que hoje a cena
musical é muito menos ingênua do que
quando ele começou. "Há festivais enormes, um atrás do outro, e as pessoas estão mais profissionalizadas."
A cantora Stela Campos, 36, também
prefere a independência, embora tenha
de trabalhar como jornalista para se sustentar. "A vantagem é que tenho total liberdade na hora de criar", diz.
Uma voz dissonante é a do trompetista
do Karnak, Marcos Bowie, 32. "Olha, o
ideal é ir direto para uma "major", mas é
difícil. Como independente você consegue contratos melhores no sentido artístico e não tem intromissão na escolha do
repertório. Mas não é um trabalho que
tenha apoio financeiro e uma estratégia
de marketing", diz.
Mesmo que você escolha ser indie, tem
de saber que a batalha não é fácil. A
maior parte dos selos escolhe trabalhos
prontos. "Fazemos como o selo Matador. Ouvimos o disco e, se gostamos, lançamos", diz Carlos Farinha, 32, sócio do
Bizarre, responsável pelos lançamentos
menos convencionais do mercado.
Poucos ainda fazem como a veterana
mineira Cogumelo Records, que leva o
artista para o estúdio, cuida de toda a
produção e da divulgação.
Mas isso não deve servir de desânimo.
Se você toca, deve saber que o que vale
mesmo são os contatos. Tanto César
Lost, 26, da Highlights Sounds, como
André Tauil, 31, da Thirteen Records,
dois dos selos mais legais para quem curte rock, do metal ao hardcore, dizem que
gravam as bandas que conhecem e que
não têm preguiça de trabalhar.
(GW)
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