São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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Balada é pagamento

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para ser um agente, não há um perfil definido, mas algumas características em comum. Jovens de 15 a 24 anos são escolhidos em razão do estilo ou do comportamento que mais se aproxima da marca trabalhada, e muitos são indicados por quem está dentro.
As formas mais freqüentes de recrutamento ainda são nas escolas e universidades, via cartazes, centros acadêmicos ou mesmo em contato com a administração das instituições e por sites de relacionamento. Na maioria das vezes, os trabalhos não são remunerados em dinheiro, mas com brindes, produtos em primeira mão e a oportunidade de participar de eventos e de festas.
"É importante que eles criem um envolvimento com o projeto em razão do próprio interesse na marca ou na cena que ela está inserida. Se fossem pagos, seriam simples promotores", diz Alfredo Motta, diretor da agência Na Mosca, uma das que realizam esse trabalho.
O estudante de publicidade Marcelo Fávery, 23, é um deles. Antenado em videogame e eletrônicos, ele usa o seu blog para disseminar e trocar informação sobre lançamentos em comunidades virtuais. Recebe em primeira mão jogos e softwares de uma empresa para testar, além de ingressos para feiras e convites para seminários.
"Novidades são caras, e para mim é bem interessante ter acesso a isso. O mais legal é fazer o que eu gosto e ficar sabendo tudo antes dos outros. O que escrevo no meu blog, os outros repetem", diz.
Segundo os jovens ouvidos, as tarefas não são impostas ou interferem na rotina de estudos ou de um estágio. No caso dos menores de idade, são chamados apenas aqueles que obtêm autorização dos pais.
Ao mesmo tempo em que se dedicava ao centro acadêmico e a uma pesquisa de iniciação científica, o estudante de engenharia da Politécnica da USP Paulo Lyra, 21, também ajudava a mapear festas que iriam acontecer antes mesmo que fossem divulgadas, para uma marca de cerveja. Com isso, tinha acesso a eventos da marca, além de entrada em baladas e brindes. "Faço muitos contatos dentro e fora da universidade, exercito minha comunicação e já ganhei muita coisa. Mas, se não gosto do produto ou da marca, não pego para trabalhar", explica. (RG)


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