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Imagem do guerrilheiro tem diferentes significados
ALESSANDRA KORMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Liberdade, luta, vitória, igualdade social, revolução, garra, união, esperança, resistência, amor, solidariedade, independência, vontade de vencer na vida.
Para cada jovem entrevistado pelo Folhateen, o mito Che Guevara tem um significado diferente. Esse é o resultado direto da transformação da imagem do
guerrilheiro, que, em 1959, ajudou a fazer
a Revolução Cubana e a instituir um dos
únicos regimes comunistas do mundo
ainda em vigor, em ícone pop.
A famosa foto de Che, estampada em
camisetas e pendurada nas paredes dos
quartos de adolescentes do mundo todo
há pelo menos 40 anos, já virou até mascote de torcida de futebol. Desde 1995, o
guerrilheiro divide o lugar nas camisetas
e bandeiras da torcida Independente, do
São Paulo, com o Bombadão (um são
Paulo cheio de músculos). "As camisetas
do Che vendem tão bem quanto as do
Bombadão", diz Leandro Amendola, 18,
funcionário da lojinha da torcida.
Para Ronaldo Sousa, 23, diretor-geral
da Independente, um dos objetivos do
uso da imagem do guerrilheiro em enormes bandeiras nos estádios é mostrar para os jogadores que é preciso ter garra,
"que o jogo não acabou". Mas nem todo
mundo que carrega as bandeiras da torcida sabe muito bem quem foi ele.
Não é o caso de um grupo de 12 alunos
do colégio Pentágono, de São Paulo, que
estiveram em Cuba no ano passado e conheceram de perto o regime que Che
ajudou a implantar. Ricardo Alonso
Martins, 15, é um deles. Mesmo antes de
a viagem começar a ser organizada, ele
sempre quis conhecer Cuba.
"Lá, o nível das pessoas é muito diferente, qualquer um sabe conversar sobre
política. Mas, mesmo assim, são todos
muito pobres. O ideal seria um regime
socialista em que as pessoas também pudessem consumir coisas melhores", diz.
Para ele, a camiseta com o rosto de Che
que trouxe de Cuba tem muito mais valor do que as compradas em qualquer lugar. "Eu queria uma coisa que fosse verdadeira", diz. A maioria do grupo trouxe
uma camiseta do Che na bagagem.
Para a assistente de estilo Carolina Pereira Damasceno, 21, que está lendo a
biografia de Che Guevara, é importante
conhecer a história dele. "Como eu ia
vestir uma camiseta sem saber quem ele
foi? Agora quero comprar uma. Também estou procurando um pôster para
colocar na porta do meu quarto."
Hoje ele é um dos seus ídolos. "Em primeiro lugar está a minha mãe. Também
admiro muito o Amir Lama [dono da
Rosa Chá, grife de biquínis]", diz.
Há muitas pessoas que se sentem influenciadas pelo guerrilheiro, como o estudante de pedagogia Leandro Silva Andrade, 22, de Montes Claros (MG). "A
história dele me incentivou a participar
do movimento estudantil", conta.
"Hoje vemos muitas camisetas com a
foto do Che, todas coloridas e cheias de
"firulas", usadas por pessoas que nem sabem o ideal que ele tinha. Acho que ele
não ficaria feliz sabendo que sua imagem
está sendo vinculada à moda e servindo
ao capitalismo", acredita o estudante.
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