São Paulo, segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

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Comportamento

"Ninguém exigiu que eu usasse lenço, mas eu quis"

"Optei por usar lenço aos 16 anos. Meus pais se surpreenderam, pois um dia, simplesmente acordei e disse à minha mãe que queria começar a usar. Na verdade, há algum tempo tive vontade de entender melhor os princípios desse costume e procurei um sheik para conversar. Algumas coisas me comoveram, achei bonito, e por isso comecei a pensar no assunto.
Meus pais são libaneses e vivo em meio à comunidade árabe. Sempre estudei na escola islâmica brasileira, onde todas as garotas são muçulmanas, mas mesmo lá quase nenhuma usa lenço. A escola não exige e a maioria das famílias também não. Uns acham que não precisa, outros que é um costume ultrapassado. Pela religião, é obrigatório. Deus pede que a mulher cubra o cabelo e os braços como forma de recato.
Agora já me acostumei, mas no começo me sentia um pouco insegura quando saía na rua. Ficava meio constrangida, pois todo mundo olha, no shopping, no ônibus. Alguns fazem uma cara assustada, estranhando; outros ficam curiosos e vêm fazer perguntas. E também ouço muitos comentários, gente me chamando de "terrorista".
Acabei de prestar vestibular para odontologia e minhas amigas falam que vou sofrer quando entrar na faculdade. Acho que as pessoas vão se acostumar. Afinal, o islamismo está cada vez mais conhecido - é a religião que mais cresce no mundo.
Apesar de que também veiculam muita informação negativa, ou errada mesmo, sobre a cultura islâmica. Tem gente que acha que as mulheres são tratadas como inferiores. Na verdade, a mulher é super-respeitada, tem direitos, não tem que ficar em casa. As mulheres muçulmanas também estão se adaptando à modernidade."

Depoimento de MANALL SLEIMAAN, 17

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