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02 NEURÔNIO
Já que é época de revival...Libere o mosh!!!
JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO
CULUNISTA DA FOLHA
Este é um momento de revival. Revival de bandas dos anos 80, revival de
camisetas de bandas dos anos 90, de tênis All Star quadriculado e de cores cítricas. Queremos aproveitar esse momento para lançar o movimento "Libere o mosh".
Mosh, para quem não lembra (ou
não sabe), era prática normal em
shows de rock nos anos 80 e continua
existindo em shows undergrounds de
hoje em dia. É assim:
1. A pessoa sobe no palco e fica incitando a platéia com os braços.
2. Daí ela se joga do palco.
3. Se der sorte, nos braços da multidão.
Existem basicamente dois tipos de
pulos do mosh:
1. O de frente, estilo mergulho.
2. O de costas.
Mas o essencial para um bom mosh é
a pessoa acreditar que vai ser segurada.
Senão, minhas filhas, ela vai simplesmente se estabacar. E pode até morrer.
No Brasil, o precursor do mosh foi o
Tony Tornado. Mas ele caiu em cima
de uma passante e ficou com trauma
para o resto da vida. Por isso,
em alguns shows, os organizadores querem coibir a prática desse esporte radical. E o
público fica clamando por
sua liberação, gritando o
nosso slogan preferido do
momento: "Libere o mosh!".
A gente não tem coragem
de dar mosh de verdade. A
Jô deu um, mas foi de uma poltrona de
50 cm. A Raq já entrou numas de realmente dar um em um show de hardcore. Mas foi impedida por amigos preocupados.
Na verdade, somos a favor do mosh
metafórico. É isso o que vimos propor
aqui! "Liberar o mosh" significa se jogar nas coisas. Contanto que segurem
você embaixo e que você, além de não
se machucar, ainda se sinta muito bem
e corajosa.
É claro que, para dar um mosh, é preciso tomar alguns cuidados.
Se for para se jogar em cima daquele
cara medroso que vai sair de perto
quando sentir você caindo, com medo
de se machucar (e obrigatoriamente vai fazer você
se machucar), não dê o
mosh. Se o cara for fraco
demais (metaforicamente), o mosh também não é
indicado, pois ele pode
conseguir não segurar a
sua onda e achar que você
é, digamos, um peso na vida dele. E não estamos falando em quilos.
Mas, nos outros casos, o mosh está liberado. Achamos que as pessoas devem pensar menos e fazer mais. O que
você sente na hora em que está caindo
é sensacional. Mas, quando alguém segura você, é melhor ainda. E, para as
meninas, ainda tem uma vantagem extra: quando seu corpo estiver sendo levado pela multidão, é bem capaz que
alguém tire uma casquinha e passe a
mão em você!
Também estão liberados os moshs
profissionais, residenciais, existenciais
e visuais.
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