São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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MARATONA DA MEIA

Para comprar, foi preciso atravessar a cidade

DA REPORTAGEM LOCAL

O difícil acesso ao local de venda do ingresso e o veto à meia-entrada para estudantes de cursinhos fizeram da compra de ingressos para o show de Red Hot Chili Peppers um perrengue.
Para chegar até o único posto de venda para estudantes, distante cerca de 20 km do local do show, valia apelar para pais motorizados, aventurar-se em trens urbanos ou caçar os ônibus certos. "É um absurdo. Se o ingresso é para estudantes, deveria ser vendido em locais de fácil acesso. Assim, fica incoerente", reclama Silvia Bourroul, 45, que levou o filho Vitor, 15, ao local.
Para Rizzatto Nunes, 46, professor especialista em direito do consumidor, essa prática é ilegal segundo o Código de Defesa do Consumidor. "Não é permitida a distinção de locais para a compra de ingresso para estudantes e para outros consumidores. É uma intenção declarada de impedir a venda da meia-entrada."
Irritada, Isabel Costa, 43, mãe de um estudante, reclamava na fila, sob um sol de 34C. "Além de ter de atravessar a cidade, você ainda tem de intuir que a casa só aceita dinheiro porque esses detalhes eles não avisam na extensa gravação que nos obrigam a ouvir ao telefone quando queremos informações", indigna-se.
Para os namorados Leandro Buck, 20, e Kelly Lasnou, 19, o problema foi outro. "Meus colegas de classe compraram suas entradas aqui e, agora, a casa não quer vender para a gente, alegando que estudante de curso pré-vestibular não tem direito", conta Kelly. "Se é uma lei, deve ser para todos os estudantes", reivindica.
Segundo o advogado do Idec, Marcos Diegues, 43, essas são medidas abusivas. "Há uma prática costumeira de criar empecilhos ao estudante."
Sônia Cristina Amaro, assistente de direção do Procon, diz que a lei limita o direito à meia-entrada a estudantes do ensino fundamental, médio e superior. "Pela lei, aluno de curso pré-vestibular não tem direito ao desconto." (FM)


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