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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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Atores contam que diante das câmeras Eminem também impõe respeito

GUTO BARRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Muito antes de ter de convencer o público de que podia atuar, Eminem enfrentou um desafio maior: conquistar a confiança do grupo de atores convocados para viver sua "posse" em "8 Mile Rua das Ilusões". Se, desde o início de sua carreira, o rapper teve de lutar para ser aceito em uma cena dominada por artistas negros, no set de filmagens a coisa acabou sendo mais fácil.
A idéia do diretor Curtis Hanson era usar um grupo de atores pouco conhecidos, mas com "credibilidade nas ruas". O principal deles é Mekhi Phifer, descoberto por Spike Lee em "Clockers".
"Quando ouvi falar do projeto, não fiquei nem um pouco animado", disse o ator ao Folhateen. "Mas, depois de cinco minutos com Eminem, descobri que ele era um cara legal." Phipfer, que já tentou a carreira de rapper, faz o papel de Future, personagem inspirado em Proof, melhor amigo de Eminem na vida real.
Os outros integrantes do elenco são Eugene Byrd e os estreantes Omar Miller, Anthony Mackie e De'Angelo Wilson. Todos eles garantem que Eminem nunca se comportou como uma estrela e que trabalhou duro no filme. "Em quatro meses de filmagens, ele nunca chegou atrasado e sempre sabia suas falas", disse Phifer. "De diva ele não tinha nada!"
"Ele chegou sem nenhum ego! E, logo de cara, admitiu para todo mundo que estava com medo, porque nunca tinha trabalhado como ator. O que acabou rolando é que formamos um time para fazer o projeto funcionar", conta Byrd.
Camaradagem ou não, todos eles também garantem que o Eminem que canta sobre espancar mulheres e homossexuais e que faz ameaças a Moby ao vivo na televisão é muito diferente daquele que estava no set de filmagem. "A fúria está só nas músicas", diz Phifer.
"Elvis Presley criou uma música que não era associada a um cara branco e foi muito criticado no começo", lembra Miller. E De'Angelo completa: "A verdade é que não há muitos rappers negros que têm o talento dele: eu vi o cara escrever 15 linhas de uma música em uma sentada!"
Phifer, o mais experiente, encerra a conversa em tom de seriedade: "O mais importante é que, depois desse filme, o público não vai aceitar qualquer produção estrelada por um popstar."


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