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Atores contam que diante das câmeras Eminem também impõe respeito
GUTO BARRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE NOVA YORK
Muito antes de ter de convencer o público de que podia atuar, Eminem
enfrentou um desafio maior: conquistar
a confiança do grupo de atores convocados para viver sua "posse" em "8 Mile
Rua das Ilusões". Se, desde o início de
sua carreira, o rapper teve de lutar para
ser aceito em uma cena dominada por
artistas negros, no set de filmagens a coisa acabou sendo mais fácil.
A idéia do diretor Curtis Hanson era
usar um grupo de atores pouco conhecidos, mas com "credibilidade nas ruas". O
principal deles é Mekhi Phifer, descoberto por Spike Lee em "Clockers".
"Quando ouvi falar do projeto, não fiquei nem um pouco animado", disse o
ator ao Folhateen. "Mas, depois de cinco
minutos com Eminem, descobri que ele
era um cara legal." Phipfer, que já tentou
a carreira de rapper, faz o papel de Future, personagem inspirado em Proof, melhor amigo de Eminem na vida real.
Os outros integrantes do elenco são
Eugene Byrd e os estreantes Omar Miller, Anthony Mackie e De'Angelo Wilson. Todos eles garantem que Eminem
nunca se comportou como uma estrela e
que trabalhou duro no filme. "Em quatro
meses de filmagens, ele nunca chegou
atrasado e sempre sabia suas falas", disse
Phifer. "De diva ele não tinha nada!"
"Ele chegou sem nenhum ego! E, logo
de cara, admitiu para todo mundo que
estava com medo, porque nunca tinha
trabalhado como ator. O que acabou rolando é que formamos um time para fazer o projeto funcionar", conta Byrd.
Camaradagem ou não, todos eles também garantem que o Eminem que canta
sobre espancar mulheres e homossexuais e que faz ameaças a Moby ao vivo
na televisão é muito diferente daquele
que estava no set de filmagem. "A fúria
está só nas músicas", diz Phifer.
"Elvis Presley criou uma música que
não era associada a um cara branco e foi
muito criticado no começo", lembra Miller. E De'Angelo completa: "A verdade é
que não há muitos rappers negros que
têm o talento dele: eu vi o cara escrever 15
linhas de uma música em uma sentada!"
Phifer, o mais experiente, encerra a
conversa em tom de seriedade: "O mais
importante é que, depois desse filme, o
público não vai aceitar qualquer produção estrelada por um popstar."
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