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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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MÚSICA

Pacote reúne os 13 álbuns iniciais dos Rolling Stones

O caminho das pedras

Divulgação
Da esq. para dir., Bill Wyman, Brian Jones, Mick Jagger, Keith Richards e Charlie Watts nos anos 60


GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL

S e você é mesmo teen, nunca presenciou o lançamento de um bom disco dos Rolling Stones.
Mas tudo bem. Agora você já pode agradecer por ter nascido nos anos 80 e ser adolescente bem na época em que são relançados, em edições remasterizadas, todos os primeiros discos da banda até os anos 70 -incluindo versões americana e britânica de um mesmo álbum, quando havia diferenças.
Como é muita coisa, o Folhateen resolveu dar uma forcinha e mapear esse pacotão.
Indiscutivelmente, o melhor é a fornada final, que começa em 67 e vai até 70. Vêm daí os primeiros vôos psicodélicos, os mergulhos no blues e no R&B e o rock mais ácido.
Apenas em 67, os Stones lançam "Between the Buttons", "Flowers" e "Their Satanic Majesties Request". É um processo crescente de rendição à música lisérgica e é também a fase mais pop dos Stones, em que a sonoridade da banda mais se assemelha à dos arqui-rivais Beatles, principalmente nos arranjos.
Os hits "Ruby Tuesday" e "Let's Spend the Night Together", clássicos de "Flowers", recheiam a edição americana de "Between the Buttons". Mas, se você só puder comprar um, vá mesmo de "Flowers", que traz ainda as antológicas "Mother's Little Helper" e "Have You Seen Your Mother Baby Standing in the Shadow".
Chamado de o "Sgt. Pepper's" dos Stones, "Their Satanic Majesties Request" é de outro mundo. A banda pira no estúdio e faz um álbum três em um: há um disco diferente em cada canal e um terceiro quando ouvido em estéreo. Muita cítara, sininhos e guitarras orientalizadas.
A ressaca da psicodelia marca o brilhante e blueseiro "Beggars Banquet", que abre com a macumbeira "Sympathy for the Devil", segue pelo blues triste de "No Expectations" e atinge o ponto alto com a turbulenta "Street Fighting Man".
Em 69, morre o guitarrista Brian Jones. No fim do ano, os Stones lançam "Let it Bleed", uma resposta sarcástica ao "Let it Be", dos Beatles, ainda com partes de guitarra tocadas por Jones, e outras, por Mick Jones. O disco é recheado de participações especiais (do guitarrista Ry Cooder ao organista Al Kooper, que tocava com Bob Dylan) e segue a mesma toada blueseira, com a versão de "Love in Vain", de Robert Johnson, e a épica "Midnight Rambler". A partir desse disco, Keith Richards começa a brincar com afinações e a flertar com o country, numa viagem que ele aprofundará durante os anos 70. Não bastasse isso, o "Let it Bleed" ainda emplaca os clássicos absolutos "Gimme Shelter" e "You Can't Aways Get What You Want".
Para finalizar, o ao vivo "Get Yer Ya-Ya's Out" resume essa fase.
Uma segunda seleção do pacote pode surgir dos discos que vão de 64 a 66. É a gênese dos Stones, o som ideal para quem curte o rock'n'roll de "Satisfaction" e de "Paint it Black".
De cara, dá para deixar de molho os três primeiros: "The Rolling Stones", "12x5" e "Rolling Stones Now". Os discos são bons, mas são dominados por versões de músicas famosas, que vão do rock de Chuck Berry ao soul de Otis Redding.
Tudo esquenta na edição americana de "Out of Our Heads", o disco de "Satisfaction". Depois segue em alta com "December's Children (and Everybody's)" e "Aftermath", que só traz "Paint it Black" na versão americana. No fim, o ao vivo "Got Live If You Want To" retrata a energia do período.
Mas, se você gosta mesmo é dos hits, coletâneas não faltam nesse pacote. São seis, cada uma com a sua particularidade. A mais completa é a tripla "Singles Collection - The London Years", e a mais estranha, "Metamorphosis", de 75, com suas raridades. Com certeza, uma delas será a sua cara.

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