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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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FOLHATEEN EXPLICA

Fenômeno já atinge 10% dos europeus afetados pela Aids

Como o HIV pode estar se tornando resistente aos tratamentos?

DA REDAÇÃO

Vírus são mutantes rápidos e poderosos. Essa é a explicação mais direta para entender porque o HIV de 10% dos europeus infectados é resistente a pelo menos uma das drogas do coquetel anti-Aids.
Pesquisadores da Universidade de Utrecht, na Holanda, detectaram que pacientes que tinham um certo tipo de vírus conhecido e tratável, com o passar dos anos, desenvolveram um tipo novo, o que foi chamado de superinfecção. Ela é formada por um híbrido do vírus que a pessoa já tinha com um outro, externo. A origem mais provável do invasor é do antivírus contido nos remédios.
Os cientistas suspeitam que uma falta de disciplina na hora de tomar os remédios é o principal causador desse processo, pois quando o paciente toma por um tempo o antivírus, pára e, depois, retoma, acaba dando brecha para que os dois tipos de vírus reproduzam um outro, para o qual não existe remédio (não por ele ser mais forte, mas por ser desconhecido).
Também é importante ficar claro que não é só na Europa que esse fenômeno se manifesta. Ele já foi percebido em várias partes do mundo, mas nunca tinha sido estudado em tanta gente de países diferentes ao mesmo tempo. Foram 1.663 pacientes em 17 países.
Tampouco se sabe o quanto pode ser comum esse processo. Há cientistas que acreditam que mais gente pode ter vírus híbridos, mas que ainda não se manifestaram.
Só nos EUA são usadas mais de 20 variantes de drogas contra a Aids. Numa escala proporcional, pode-se supor que existam, não centenas, mas, milhares de novos tipos de vírus vivendo nas pessoas, o que complica o tratamento intensivo.
Alguns cientistas avaliam essa constatação como crucial nas pesquisas contra a Aids. É que agora, eles podem reavaliar dosagens para os pacientes dos países em desenvolvimento (Brasil incluído), que concentram a maior parte dos infectados por HIV.
Como o estudo acabou de ser divulgado, a fase ainda é de alarmismo, mas, todos os cientistas sempre souberam que, por se tratar de um vírus, a resistência às drogas nunca será erradicada. Assim como acontece com a gripe, que não tem remédio certo.
As pesquisas mais avançadas trabalham com a proposta de fazer com que as células sadias bloqueiem a entrada do HIV em vez de querer matá-lo.
Os cientistas não descartam a hipótese de que alguns dos infectados tenham voltado, ou começado, a se comportar arriscadamente, devido à grande proporção de pacientes infectados.
Os vírus HIV que as pessoas têm não são do mesmo tipo e, se misturados com o de outra pessoa, resultam no mesmo problema do antivírus descrito acima.


Com agências internacionais

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