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GAME ON
Exposição conta a história do tiozinho videogame
Diversões eletrônicas
Juliano Zappia/Folha Imagem
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Visitante interage com um dos jogos em exposição na "Game On" |
JULIANO ZAPPIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
Videogame é negocio sério. Tão sério que, segundo especialistas, em breve,
mais dinheiro será gasto com softwares de diversão que com música. E tão importante a ponto de o Barbican, o maior centro cultural de Londres, abrir seu espaço para uma grande exibição sobre o tema. "Game On", a primeira mostra
desse porte na Europa, dá ao visitante uma compreensiva, interativa e profunda análise do mundo dos videogames.
Depois de quatro anos de pesquisa, o
centro, em associação com o NMS (Museu Nacional da Escócia), recheou dois
andares com máquinas antigas, consoles
de última geração, centenas de jogos e
muita informação.
Mas o grande trunfo da mostra, como
o de qualquer videogame, é o seu alto caráter interativo. Mais de 150 aparelhos
estão à disposição do público. Quem quiser pode até fazer uma espécie de viagem
pela evolução dos games jogando desde
o clássico Pac Man até a última versão de
Tomb Raider, passando pelos excelentes
gráficos do novo Star Wars ou apenas escapando dos lentos perigos de Asteroids.
É o sonho de todo moleque -de 5 a 50
anos de idade.
"A idéia nasceu de uma conversa entre
Lucien King (curador convidado da
mostra) e Mark Jones (ex-diretor do
NMS)", conta Neil McConnon, um dos
responsáveis pela exibição. "Eles buscavam diferentes maneiras de atrair um
público mais jovem e resolveram arriscar com o mundo dos games."
Deu certo. A exibição é uma das mais
populares na história do Barbican,
atraindo um público que não está acostumado a frequentar museus. "Mas não
é apenas o lado da diversão que está em
destaque", avisa McConnon. A idéia
principal da mostra é tratar de uma maneira séria essa forma de arte que surgiu
em um laboratório nos EUA há 40 anos e
se transformou em um negócio multibilionário, capaz de ditar modas, influenciar gerações e causar impacto nos filmes
de Hollywood.
Na entrada da "Game On", um portal
decorado por uma cascata de pixels dá o
sinal de "start" para o visitante, que pode
passear pela mostra por quanto tempo
seus dedos aguentarem.
Distribuída em 15 módulos, a exibição
começa com o dinossauro PDP-1, um
trambolho do tamanho de um fusca. Foi
nele que o pesquisador Steve Russel
criou, em 1962, o Space War!, considerado o primeiro jogo a ser desenvolvido
em um computador dotado de um monitor. Ao seu lado estão Computer Space
(1971) e Pong (1972), máquinas criadas
por Nolan Bushnell, fundador da Atari, e
as primeiras a serem comercializadas.
Diferentemente da maioria das peças, essas não podem ser jogadas nem tocadas.
Outra seção nostálgica é a "Arcade Games", uma visita aos anos 70 e 80, quando máquinas como Space Invaders, Pac
Man, Donkey Kong e Asteroids faziam a
festa da garotada.
Mas a seção mais movimentada é a dos
consoles. Vários aparelhos estão à disposição do público, todos jogáveis. Do
Magnavox Odyssey (1972), primeira máquina caseira, ao novíssimo GameCube.
"Esse é o lado incrível da mostra. As pessoas não estão apenas olhando para quadros nas paredes", acredita McConnon.
"Game On" também analisa o mundo
dos games em uma perspectiva global.
Explorando temas como o desenvolvimento e o design de um personagem e os
detalhes gráficos de um jogo, a mostra
estabelece a diferença cultural entre os
cartuchos criados no Japão e nos EUA.
Em paralelo à exibição, o Barbican preparou uma série de atividades relacionadas ao tema. O cinema exibe filmes que
incorporaram a estética ou foram influenciados pelo fenômeno dos games.
"A idéia é mesmo dar uma outra perspectiva para os jogos", conta McConnon. "E estabelecer paralelos com a música, o cinema e a cultura em geral."
"Game On" é, provavelmente, a única
exibição de arte que vai deixá-lo com os
olhos cansados e com os dedos cheio de
bolhas. Mas a mostra, que fica em Londres até setembro e depois se muda para
o Museu Nacional da Escócia, em Edimburgo, é sinal de que os videogames estão sendo vistos de maneira séria.
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