São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GAME ON

Exposição conta a história do tiozinho videogame

Diversões eletrônicas

Juliano Zappia/Folha Imagem
Visitante interage com um dos jogos em exposição na "Game On"


JULIANO ZAPPIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

Videogame é negocio sério. Tão sério que, segundo especialistas, em breve, mais dinheiro será gasto com softwares de diversão que com música. E tão importante a ponto de o Barbican, o maior centro cultural de Londres, abrir seu espaço para uma grande exibição sobre o tema. "Game On", a primeira mostra desse porte na Europa, dá ao visitante uma compreensiva, interativa e profunda análise do mundo dos videogames.
Depois de quatro anos de pesquisa, o centro, em associação com o NMS (Museu Nacional da Escócia), recheou dois andares com máquinas antigas, consoles de última geração, centenas de jogos e muita informação.
Mas o grande trunfo da mostra, como o de qualquer videogame, é o seu alto caráter interativo. Mais de 150 aparelhos estão à disposição do público. Quem quiser pode até fazer uma espécie de viagem pela evolução dos games jogando desde o clássico Pac Man até a última versão de Tomb Raider, passando pelos excelentes gráficos do novo Star Wars ou apenas escapando dos lentos perigos de Asteroids. É o sonho de todo moleque -de 5 a 50 anos de idade.
"A idéia nasceu de uma conversa entre Lucien King (curador convidado da mostra) e Mark Jones (ex-diretor do NMS)", conta Neil McConnon, um dos responsáveis pela exibição. "Eles buscavam diferentes maneiras de atrair um público mais jovem e resolveram arriscar com o mundo dos games."
Deu certo. A exibição é uma das mais populares na história do Barbican, atraindo um público que não está acostumado a frequentar museus. "Mas não é apenas o lado da diversão que está em destaque", avisa McConnon. A idéia principal da mostra é tratar de uma maneira séria essa forma de arte que surgiu em um laboratório nos EUA há 40 anos e se transformou em um negócio multibilionário, capaz de ditar modas, influenciar gerações e causar impacto nos filmes de Hollywood.
Na entrada da "Game On", um portal decorado por uma cascata de pixels dá o sinal de "start" para o visitante, que pode passear pela mostra por quanto tempo seus dedos aguentarem.
Distribuída em 15 módulos, a exibição começa com o dinossauro PDP-1, um trambolho do tamanho de um fusca. Foi nele que o pesquisador Steve Russel criou, em 1962, o Space War!, considerado o primeiro jogo a ser desenvolvido em um computador dotado de um monitor. Ao seu lado estão Computer Space (1971) e Pong (1972), máquinas criadas por Nolan Bushnell, fundador da Atari, e as primeiras a serem comercializadas. Diferentemente da maioria das peças, essas não podem ser jogadas nem tocadas.
Outra seção nostálgica é a "Arcade Games", uma visita aos anos 70 e 80, quando máquinas como Space Invaders, Pac Man, Donkey Kong e Asteroids faziam a festa da garotada.
Mas a seção mais movimentada é a dos consoles. Vários aparelhos estão à disposição do público, todos jogáveis. Do Magnavox Odyssey (1972), primeira máquina caseira, ao novíssimo GameCube. "Esse é o lado incrível da mostra. As pessoas não estão apenas olhando para quadros nas paredes", acredita McConnon.
"Game On" também analisa o mundo dos games em uma perspectiva global. Explorando temas como o desenvolvimento e o design de um personagem e os detalhes gráficos de um jogo, a mostra estabelece a diferença cultural entre os cartuchos criados no Japão e nos EUA.
Em paralelo à exibição, o Barbican preparou uma série de atividades relacionadas ao tema. O cinema exibe filmes que incorporaram a estética ou foram influenciados pelo fenômeno dos games.
"A idéia é mesmo dar uma outra perspectiva para os jogos", conta McConnon. "E estabelecer paralelos com a música, o cinema e a cultura em geral."
"Game On" é, provavelmente, a única exibição de arte que vai deixá-lo com os olhos cansados e com os dedos cheio de bolhas. Mas a mostra, que fica em Londres até setembro e depois se muda para o Museu Nacional da Escócia, em Edimburgo, é sinal de que os videogames estão sendo vistos de maneira séria.



Texto Anterior: Música: O lado escuro da vida
Próximo Texto: TV e celular são as próximas áreas de ocupação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.