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cultura pop
Som e romance
Livro e filme falam de namoro que começa em show, história que alguns já sabem de cor
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A música sai das caixas
de som e faz tudo em
volta vibrar. As mãos
também estão tremendo, mas de ansiedade, e o coração pula em
um ritmo mais veloz do que o
da batida da canção. Finalmente, vem o tão esperado beijo.
Talvez você já tenha protagonizado uma cena parecida com
essa. As chances são grandes.
Foi o que aconteceu com Nick e
Norah, os protagonistas do livro "Nick & Norah - Uma Noite
de Amor e Música" (ed. Record,
224 págs., R$ 29), de Rachel
Cohn e David Levithan, lançado no início do mês.
Mas vamos ao começo da história: Nick toca em uma banda
"queercore" (punk com temática gay), mas é hétero e acabou,
inclusive, de perder a namorada, Tris. Norah, por sua vez, é filha de um produtor musical famoso e terminou há pouco
tempo o relacionamento que
mantinha com Tal.
Desse ponto até o momento
do beijo não acontece muita
coisa. Nick está tocando seu
baixo quando, de cima do palco,
vê que Tris está na pista dançando com seu novo namorado.
Quando termina o show, ele
se junta ao público e, desolado,
pensa em como superar a situação. Tem uma ideia: pede para
uma menina de blusa de flanela
que finja ser sua namorada por
cinco minutos. E a menina -no
caso, Norah- aceita.
Ressonância
É aí que termina o acaso na
história dos dois. Poderia ter sido só um beijo e ponto final,
mas eis que entra em cena a afinidade quase perfeita entre os
gostos musicais de ambos
-brincam, até, que são almas
gêmeas nesse campo.
E a noite, que de início não
prometia nada, vira um espaço
de tempo esticado em que muita coisa ainda pode acontecer
-por exemplo, eles irem a outra festa e, lá, assistirem ao
show surpresa do Where's
Fluffy, banda desconhecida
que os dois veneram.
A noite fica tão longa que o livro conta apenas o que aconteceu durante esse primeiro encontro. O clima é romântico do
começo ao fim, mas não chega a
ser açucarado demais.
Via web
O texto é dividido em um capítulo narrado por Nick e outro, por Norah, sempre em primeira pessoa. As ações se misturam aos pensamentos dos
dois pombinhos em uma técnica que, na literatura, é conhecida como fluxo de consciência.
Não é por acaso que os capítulos de Nick parecem captar
bem a essência do que é ser menino na adolescência e os de
Norah têm um tom bastante feminino. Os dele foram escritos
por David Levithan e os dela,
por Rachel Cohn.
"Nick & Norah - Uma Noite
de Amor e Música" demorou
três meses para ficar pronto e
foi escrito por e-mail. Também
por e-mail, Cohn contou à Folha como foi o processo: "Nós
não planejamos o livro, só continuávamos o capítulo no ponto em que o outro tinha deixado. Foi um experimento engraçado não ter ideia do que aconteceria com os personagens".
O resultado foi um romance
espontâneo que, inclusive, já
foi transformado em filme.
No Brasil, chega apenas em
DVD, no começo de abril. No
elenco está Michael Cera ("Juno"), o queridinho da vez dos
filmes alternativos e que faz o
papel do protagonista Nick.
O filme foge um pouco do livro, como é de praxe. Para começar, quem pede o primeiro
beijo nas telonas é ela, não ele.
Mas o clima se mantém e,
mesmo que não satisfaça os espectadores, pelo menos já agradou aos autores.
"Nós amamos o filme", disse
Levithan à Folha, por e-mail.
"Eu já assisti 11 vezes e, acredite, se não tivesse achado que foi
fiel ao livro, não teria assistido
mais de uma."
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