São Paulo, segunda-feira, 23 de março de 2009

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cultura pop

Som e romance

Livro e filme falam de namoro que começa em show, história que alguns já sabem de cor

DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A música sai das caixas de som e faz tudo em volta vibrar. As mãos também estão tremendo, mas de ansiedade, e o coração pula em um ritmo mais veloz do que o da batida da canção. Finalmente, vem o tão esperado beijo.
Talvez você já tenha protagonizado uma cena parecida com essa. As chances são grandes. Foi o que aconteceu com Nick e Norah, os protagonistas do livro "Nick & Norah - Uma Noite de Amor e Música" (ed. Record, 224 págs., R$ 29), de Rachel Cohn e David Levithan, lançado no início do mês.
Mas vamos ao começo da história: Nick toca em uma banda "queercore" (punk com temática gay), mas é hétero e acabou, inclusive, de perder a namorada, Tris. Norah, por sua vez, é filha de um produtor musical famoso e terminou há pouco tempo o relacionamento que mantinha com Tal.
Desse ponto até o momento do beijo não acontece muita coisa. Nick está tocando seu baixo quando, de cima do palco, vê que Tris está na pista dançando com seu novo namorado.
Quando termina o show, ele se junta ao público e, desolado, pensa em como superar a situação. Tem uma ideia: pede para uma menina de blusa de flanela que finja ser sua namorada por cinco minutos. E a menina -no caso, Norah- aceita.

Ressonância
É aí que termina o acaso na história dos dois. Poderia ter sido só um beijo e ponto final, mas eis que entra em cena a afinidade quase perfeita entre os gostos musicais de ambos -brincam, até, que são almas gêmeas nesse campo.
E a noite, que de início não prometia nada, vira um espaço de tempo esticado em que muita coisa ainda pode acontecer -por exemplo, eles irem a outra festa e, lá, assistirem ao show surpresa do Where's Fluffy, banda desconhecida que os dois veneram.
A noite fica tão longa que o livro conta apenas o que aconteceu durante esse primeiro encontro. O clima é romântico do começo ao fim, mas não chega a ser açucarado demais.

Via web
O texto é dividido em um capítulo narrado por Nick e outro, por Norah, sempre em primeira pessoa. As ações se misturam aos pensamentos dos dois pombinhos em uma técnica que, na literatura, é conhecida como fluxo de consciência.
Não é por acaso que os capítulos de Nick parecem captar bem a essência do que é ser menino na adolescência e os de Norah têm um tom bastante feminino. Os dele foram escritos por David Levithan e os dela, por Rachel Cohn.
"Nick & Norah - Uma Noite de Amor e Música" demorou três meses para ficar pronto e foi escrito por e-mail. Também por e-mail, Cohn contou à Folha como foi o processo: "Nós não planejamos o livro, só continuávamos o capítulo no ponto em que o outro tinha deixado. Foi um experimento engraçado não ter ideia do que aconteceria com os personagens".
O resultado foi um romance espontâneo que, inclusive, já foi transformado em filme.
No Brasil, chega apenas em DVD, no começo de abril. No elenco está Michael Cera ("Juno"), o queridinho da vez dos filmes alternativos e que faz o papel do protagonista Nick.
O filme foge um pouco do livro, como é de praxe. Para começar, quem pede o primeiro beijo nas telonas é ela, não ele.
Mas o clima se mantém e, mesmo que não satisfaça os espectadores, pelo menos já agradou aos autores.
"Nós amamos o filme", disse Levithan à Folha, por e-mail. "Eu já assisti 11 vezes e, acredite, se não tivesse achado que foi fiel ao livro, não teria assistido mais de uma."


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