São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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02 Neurônio

>>Jô Hallack >>Nina Lemos >>Raq Affonso -
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A paranóia Google

O CASO é clássico. E quem nunca fez isso, que atire o primeiro laptop. Você conhece um menino. Acha que ele pode ser um bom pretê. Chega em casa e, imediatamente, dá um google com o nome dele.
Descobre onde ele mora (e, se você for realmente louca, já viu no Google Earth a localização exata da casa), o colégio onde estudou no jardim de infância, o prêmio que ganhou na feira agropecuária de Barretos por montaria infantil, o nome do pai, da mãe e da avó. E, talvez, das ex-namoradas.
Em seguida, é claro, você vai no Google Images, onde descobre que ele foi a uma festa de playboys cinco anos atrás. E, se suas amigas também são loucas, assim que você conta que conheceu um garoto novo, eles perguntam o nome. E no recanto de seus computadores fazem o mesmo.
Pronto. Você já sabe tudo sobre a pessoa. E as suas amigas também. Uma ironia do destino: talvez você tenha trocado poucas palavras com ele, mas tem um levantamento completo da vida do sujeito.
Aí acontece um segundo encontro. E você passa a noite toda histérica com medo de soltar: "Ah, você estudou no Jardim de Infância Criança Feliz?" E morre de medo que um amigo encontre com ele na porta do banheiro, reconheça da foto que pegou no Google Images (ou que você mandou por msn) e fale: "Você que é o fulano?".
Você pensa em passar a noite tensa, muda. Fora, é claro, que a cada vez que damos um google imaginamos que a pessoa recebeu um sms dizendo: a (Nina ou Jô ou Raq) acaba de googlar você. Achamos que a pessoa sabe que está sendo googlada!
E o medo que temos quando encontramos com alguém que conhecemos só do Google? E achamos que ela SABE que foi espionada por nós. Tentamos não cruzar o olhar. Sair do mesmo ambiente.
E tem outra. Não pense que loucas somos nós. Eles também nos googlam. Por isso, devem saber que já usamos mullet (não esses bacanas de hoje, mas um chitão mesmo) e que já namoramos a pessoa mais louca da cidade.

Momento de histeria

Não existe mais mistério no mundo. Sobrou apenas a mania de perseguição


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