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CINEMA
Participantes de oficinas de audiovisual exibem trabalho no 15º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo
Filmes curtos, idéias longas
ALESSANDRA KORMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Kino, em alemão, quer dizer cinema.
Forum, em latim, reunião de pessoas. Para muitos dos 305 jovens
que participaram das Oficinas Kinoforum
desde 2001, no entanto, a junção das palavras representa mais do que um grupo de
pessoas que se reúne para fazer cinema:
significa começo, oportunidade, futuro.
Dos 61 curtas que estão na programação
da mostra Formação do Olhar, dentro do
Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, dez foram produzidos
por jovens de comunidades carentes participantes das oficinas. Os outros são produto de oficinas realizadas em oito Estados. O
festival acontece de 26/8 a 4/9 (programação em www.kinoforum.org).
"Meu olhar despertou ali", conta Kelly
Regina Alves, 22, que participou das Oficinas Kinoforum em 2002. Depois disso, ela e
outros quatro participantes do bairro Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo, montaram a produtora Filmagens Periféricas (filmagensperifericas@hotmail.com), que já produziu curtas em digital exibidos até fora do país, no Festival de
Toronto.
"Mas, infelizmente, dentro da Cidade Tiradentes, poucos têm acesso ao nosso material", diz João Carlos Chaves, 22, o Negro
JC. Para resolver a questão, eles montaram
um projeto de distribuição de vídeos em sete locadoras da região e conseguiram a verba em um programa da prefeitura. "Para
trabalhar na área, tem que gostar mesmo,
tem que fazer correria", afirma Kelly.
Um dos curtas da Filmagens Periféricas
que serão exibidos no festival é "Vida Loka", que mostra a história de um garoto
que entra para a criminalidade e de uma
menina que vira prostituta -os dois morrem no final. "A idéia foi chocar mesmo.
Todos os nossos trabalhos procuram passar uma mensagem social", diz Negro JC.
Eles ainda não têm equipamento próprio, mas trabalham com material emprestado ou alugado. Para se manterem, gravam festas de escola, eventos, casamentos.
Mas trabalhar com cinema pode significar mais do que uma chance de trabalho.
"A representação, na tela, de imagens que
remetem ao cotidiano desses jovens funciona como um reforço em sua auto-estima", diz a cineasta Moira Toledo, 25, coordenadora da mostra Formação do Olhar.
Wagner Kledson de Sousa, 19, que fez a
oficina em Paraisópolis (zona oeste) no ano
passado, acha que a melhor parte foi aprender a operar a câmera. "Eu sempre gostei
de ver as coisas de um jeito diferente, e a câmera é totalmente diferente da sua visão.
Você tem um espaço só e tem que escolher.
A escolha é interessante."
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