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Aventuras na mancha
O décimo brasileiro a completar a travessia do canal da Mancha, no último dia 7, conta a aventura ao Folhateen
MARCELO AUGUSTO LOPES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Qual é o equivalente a escalar o Everest para quem gosta de nadar?
Simples, o canal da Mancha. Um
braço de mar que separa a Inglaterra da
França. No passado, foi um palco de batalhas e, há mais de um século, vem sendo desafiado por nadadores que sonham atravessá-lo à custa do próprio fôlego.
No último dia 7 de agosto, eu fiz isso. Depois de quase dois anos de treinamento,
deixei Dover às 3h da manhã, mergulhando de um rochedo. No começo, tive de nadar com dois bastões de neon amarrados à
cintura para que o barqueiro e o meu técnico, Igor de Souza, me vissem no escuro.
Quando cheguei no meio do canal, já era
dia. Havia cargueiros que faziam ondas e
dificultavam o meu esforço. Num determinado momento, interrompi de repente
uma das minhas alimentações para dar
uma arrancada de 100m e desviar de um
navio que vinha em nossa direção.
Fui ficando ansioso para acabar, mas, cada vez que olhava para a costa francesa, ela
parecia estar mais longe... Uma forte corrente me jogara para fora da direção de
Cap-Grinez, o ponto mais próximo para a
chegada. Fui obrigado a nadar mais 40 min
e terminar a prova (com o tempo de 11h
21min) nas areias de Calais, onde fui recepcionado por alguns franceses, que fizeram
muita festa, especialmente depois de verem, na minha touca, a bandeira do Brasil.
Marcelo Augusto Lopes, 32, é técnico de natação e
acaba de realizar a travessia do Canal da Mancha
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