São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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Aventuras na mancha

O décimo brasileiro a completar a travessia do canal da Mancha, no último dia 7, conta a aventura ao Folhateen

MARCELO AUGUSTO LOPES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Qual é o equivalente a escalar o Everest para quem gosta de nadar? Simples, o canal da Mancha. Um braço de mar que separa a Inglaterra da França. No passado, foi um palco de batalhas e, há mais de um século, vem sendo desafiado por nadadores que sonham atravessá-lo à custa do próprio fôlego.
No último dia 7 de agosto, eu fiz isso. Depois de quase dois anos de treinamento, deixei Dover às 3h da manhã, mergulhando de um rochedo. No começo, tive de nadar com dois bastões de neon amarrados à cintura para que o barqueiro e o meu técnico, Igor de Souza, me vissem no escuro.
Quando cheguei no meio do canal, já era dia. Havia cargueiros que faziam ondas e dificultavam o meu esforço. Num determinado momento, interrompi de repente uma das minhas alimentações para dar uma arrancada de 100m e desviar de um navio que vinha em nossa direção.
Fui ficando ansioso para acabar, mas, cada vez que olhava para a costa francesa, ela parecia estar mais longe... Uma forte corrente me jogara para fora da direção de Cap-Grinez, o ponto mais próximo para a chegada. Fui obrigado a nadar mais 40 min e terminar a prova (com o tempo de 11h 21min) nas areias de Calais, onde fui recepcionado por alguns franceses, que fizeram muita festa, especialmente depois de verem, na minha touca, a bandeira do Brasil.


Marcelo Augusto Lopes, 32, é técnico de natação e acaba de realizar a travessia do Canal da Mancha

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