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FOME DE BOLA
Competição difunde o tênis, esporte de elite, entre jovens da periferia de SP
'Masters' da favela
Fabiana Beltramin/Folha Imagem
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Leandro Cruz e Diego Silva têm de levantar a rede para uma moto passar |
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do fenômeno Guga, é quase impossível para um brasileiro não saber
o que é um voleio, um match point, uma
quadra de saibro, de cimento ou de grama. Mas alguém já ouviu falar em quadra de asfalto? Pois são nessas quadras de
piso um tanto incomum que a garotada
do Capão Redondo treina tênis com um
olho na bola e outro no futuro.
Cerca de 40 garotos e garotas se reúnem no fim de semana nas três quadras
da rua Paulo Guastine, no Capão Redondo, uma das regiões mais violentas de
São Paulo, para ter aulas de tênis com o
professor Jorge Nascimento, 32.
Com raquetes, redes e bolinhas usadas,
doadas por clubes e academias de São
Paulo, Nascimento reúne crianças e adolescentes para compartilhar a paixão pelo mais nobre esporte bretão. O principal
objetivo é participar no final do ano do
Favela Open, campeonato que acontece
desde 1995 entre os meses de novembro
e dezembro e dá ao campeão uma chance de iniciar uma carreira nas quadras.
"Tênis é um esporte de elite. Não existe
peneira como no futebol. Então é por isso que é difícil surgir um Robinho ou um
Ronaldinho no tênis. O Favela Open funciona como uma peneira porque o campeão vai trabalhar comigo, consegue um
emprego de pegador de bolinhas em
uma academia de tênis e pode começar a
jogar para valer", explica Nascimento.
Para que essa peneira seja realmente
expressiva, além dos garotos que já jogam com Nascimento durante o ano, são
recrutados todos os jovens da região.
"Antes do campeonato passo de casa em
casa, converso com os pais. Mas a maior
parte não vem pelo tênis, mas pelas roupas e pelas cestas básicas que nós distribuímos aos participantes."
Pois nem mesmo os campeões do torneio têm o futuro garantido. Desde 95,
de todos os garotos e garotas que venceram o Favela Open, apenas dois seguiram em frente rumo à profissionalização
e dois estão no começo da batalha, ainda
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