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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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FOME DE BOLA

Competição difunde o tênis, esporte de elite, entre jovens da periferia de SP

'Masters' da favela

Fabiana Beltramin/Folha Imagem
Leandro Cruz e Diego Silva têm de levantar a rede para uma moto passar


GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do fenômeno Guga, é quase impossível para um brasileiro não saber o que é um voleio, um match point, uma quadra de saibro, de cimento ou de grama. Mas alguém já ouviu falar em quadra de asfalto? Pois são nessas quadras de piso um tanto incomum que a garotada do Capão Redondo treina tênis com um olho na bola e outro no futuro.
Cerca de 40 garotos e garotas se reúnem no fim de semana nas três quadras da rua Paulo Guastine, no Capão Redondo, uma das regiões mais violentas de São Paulo, para ter aulas de tênis com o professor Jorge Nascimento, 32.
Com raquetes, redes e bolinhas usadas, doadas por clubes e academias de São Paulo, Nascimento reúne crianças e adolescentes para compartilhar a paixão pelo mais nobre esporte bretão. O principal objetivo é participar no final do ano do Favela Open, campeonato que acontece desde 1995 entre os meses de novembro e dezembro e dá ao campeão uma chance de iniciar uma carreira nas quadras.
"Tênis é um esporte de elite. Não existe peneira como no futebol. Então é por isso que é difícil surgir um Robinho ou um Ronaldinho no tênis. O Favela Open funciona como uma peneira porque o campeão vai trabalhar comigo, consegue um emprego de pegador de bolinhas em uma academia de tênis e pode começar a jogar para valer", explica Nascimento.
Para que essa peneira seja realmente expressiva, além dos garotos que já jogam com Nascimento durante o ano, são recrutados todos os jovens da região. "Antes do campeonato passo de casa em casa, converso com os pais. Mas a maior parte não vem pelo tênis, mas pelas roupas e pelas cestas básicas que nós distribuímos aos participantes."
Pois nem mesmo os campeões do torneio têm o futuro garantido. Desde 95, de todos os garotos e garotas que venceram o Favela Open, apenas dois seguiram em frente rumo à profissionalização e dois estão no começo da batalha, ainda

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