São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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ESCUTA AQUI

Sai de cena a cara malvada, entra a emoção

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Pode ser o maior chute do mundo, mas tudo indica que o chamado "emocore" começa a sepultar o "nu metal" (Limp Bizkit, Linkin Park etc.) nas paradas de sucesso americanas. O efeito não deve tardar a chegar ao Brasil.
A palavra "emocore", até há pouco só conhecida por fanáticos, é cada vez mais frequente em publicações e sites de música estrangeiros. "Emo" vem de emoção, e, "core", de hardcore. Ou seja: trata-se de um som que tem origem no punk, mas, com o tempo, ganhou andamento mais vagaroso e vocais emocionados.
Quem acompanha o gênero deve estar dizendo: "Mas só agora esse mané descobriu o "emocore'? Que cara mais ultrapassado!".
Claro que não conheci o "emocore" só agora. Aqui mesmo em "Escuta Aqui" já escrevi muito sobre At the Drive-In e ...Trail of Dead, grupos que são dessa praia. Apenas registro, hoje, a transição que esse tipo de rock está fazendo do gueto para o "mainstream".
Como não entendo muito do gênero, aqui vão dicas de quem é do ramo (o pessoal do site www.fourfa.com/styles/emo.htm) sobre as principais características "emo":
- guitarras devem ser Gibson Les Paul, de preferência da série SG;
- amplificadores: Marshall JCM-800 para as guitarras; Ampeg-400 para o baixo;
- aversão ao comercialismo (quer dizer, mais ou menos). À moda de seus ídolos, os veteranos Fugazi não fazem nem camisetas promocionais.
Os mais fanáticos dirão que existem diferenças entre "emocore", "emo" e "hardcore emo". Mas isso fica para a próxima.

 

Duas observações sobre "Escuta Aqui" da semana passada, que falava de excursões desorganizadas de bandas estrangeiras no Brasil.
Primeira: muita gente escreveu rejeitando o tom genérico do texto, que dava a impressão de que toda turnê de grupo de fora é uma bagunça por aqui. Concordo com as críticas. Especialmente porque existe a Motor Music, de Belo Horizonte, pioneira em shows de artistas independentes dos EUA e da Europa no Brasil. Foi a Motor quem trouxe Man or Astroman?, Superchunk, Luna, Stereolab, ...Trail of Dead, Jon Spencer, Yo La Tengo e muitos, muitos mais. A Motor não faz parte da "bagunça" e da "esculhambação" que abordei segunda passada.
Por fim, algumas pessoas escreveram sobre o caso específico que motivou o texto da última semana, a saber, o show cancelado da banda americana Watts em São Paulo. Disseram que fui injusto, porque o cancelamento foi culpa do dono da casa noturna, não dos promotores. E que o mesmo pessoal que trouxe o Watts promove, em Goiânia, festivais de organização exemplar. Tudo bem, feito o registro. Mas, seja de quem for a culpa, mantenho tudo o que escrevi. A apresentação do Watts não aconteceu por bagunça, esculhambação, desorganização e malandragem. Melhor sorte da próxima vez.

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