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ESCUTA AQUI
Sai de cena a cara malvada, entra a emoção
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
Pode ser o maior chute do mundo, mas tudo
indica que o chamado "emocore" começa
a sepultar o "nu metal" (Limp Bizkit, Linkin
Park etc.) nas paradas de sucesso americanas.
O efeito não deve tardar a chegar ao Brasil.
A palavra "emocore", até há pouco só conhecida por fanáticos, é cada vez mais frequente em publicações e sites de música estrangeiros. "Emo" vem de emoção, e, "core",
de hardcore. Ou seja: trata-se de um som que
tem origem no punk, mas, com o tempo, ganhou andamento
mais vagaroso e vocais emocionados.
Quem acompanha
o gênero deve estar
dizendo: "Mas só
agora esse mané
descobriu o "emocore'? Que cara mais
ultrapassado!".
Claro que não conheci o "emocore" só agora. Aqui mesmo em "Escuta Aqui" já escrevi
muito sobre At the Drive-In e ...Trail of Dead,
grupos que são dessa praia. Apenas registro,
hoje, a transição que esse tipo de rock está fazendo do gueto para o "mainstream".
Como não entendo muito do gênero, aqui
vão dicas de quem é do ramo (o pessoal do site www.fourfa.com/styles/emo.htm) sobre
as principais características "emo":
- guitarras devem ser Gibson Les Paul, de
preferência da série SG;
- amplificadores: Marshall JCM-800 para as
guitarras; Ampeg-400 para o baixo;
- aversão ao comercialismo (quer dizer,
mais ou menos). À moda de seus ídolos, os
veteranos Fugazi não fazem nem camisetas
promocionais.
Os mais fanáticos dirão que existem diferenças entre "emocore", "emo" e "hardcore
emo". Mas isso fica para a próxima.
Duas observações sobre "Escuta Aqui" da
semana passada, que falava de excursões desorganizadas de bandas estrangeiras no Brasil.
Primeira: muita gente escreveu rejeitando o
tom genérico do texto, que dava a impressão
de que toda turnê de grupo de fora é uma bagunça por aqui. Concordo com as críticas. Especialmente porque existe a Motor Music, de
Belo Horizonte, pioneira em shows de artistas
independentes dos EUA e da Europa no Brasil. Foi a Motor quem trouxe Man or Astroman?, Superchunk, Luna, Stereolab, ...Trail of
Dead, Jon Spencer, Yo La Tengo e muitos,
muitos mais. A Motor não faz parte da "bagunça" e da "esculhambação" que abordei segunda passada.
Por fim, algumas pessoas escreveram sobre
o caso específico que motivou o texto da última semana, a saber, o show cancelado da banda americana Watts em São Paulo. Disseram
que fui injusto, porque o cancelamento foi culpa do dono da casa noturna, não dos promotores. E que o mesmo pessoal que trouxe o
Watts promove, em Goiânia, festivais de organização exemplar. Tudo bem, feito o registro.
Mas, seja de quem for a culpa, mantenho tudo
o que escrevi. A apresentação do Watts não
aconteceu por bagunça, esculhambação, desorganização e malandragem. Melhor sorte da
próxima vez.
E-mail -
cby2k@uol.com.br
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