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MÚSICA
Bandas criam híbridos caipiras na coletânea "Moda Nova"
Matutos pós-modernos
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você tem arrepios só
de ouvir falar em música caipira, apareceu um
bom motivo para vencer
alguns preconceitos.
A coletânea "Moda Nova - Caipira Pop", lançada
pela independente Obi
Music, mostra que existe
toda uma cena de bandas
legais que apostam na
mistura da música de raiz
paulista com as mais diferentes variantes pop.
Participam da coletânea
as bandas Caboclada (São
Paulo), Dioni Zica (Araraquara), Fulanos de Tal
(Rio Claro), Matuto Moderno (São Paulo), Mercado de Peixe (Bauru) e
Sacicrioulo (Campinas).
Em comum, elas têm o
interesse pela cultura de
raiz e pelo resgate de ritmos e danças que sobreviveram a duras penas no
século passado, marginalizados mesmo no interior paulista, como o jongo, a catira, a folia de reis,
a congada, a umbigada, o
cururu e a moda de viola.
Mas o que essas bandas
fazem não é apenas uma
volta às origens. Antes, os
grupos usam essa herança
cultural para criar híbridos contemporâneos, tramando combinações com
o rock, a eletrônica, o reggae e até o rap.
Para o organizador da
coletânea, Newtom Barreto, 38, do grupo Fulanos
de Tal, o interessante é
que essas bandas se equilibram entre a nostalgia e
a vanguarda e conseguem
fazer a ponte entre gerações. "Gosto de chamar a
música que fazemos de
música paulista herdada.
A idéia é que o jovem ouça isso hoje e sinta orgulho da música do avô dele.
Com o êxodo rural, principalmente nos anos 60,
toda uma geração deixou
o interior e foi para a cidade. Agora, parte dessa geração está voltando ao interior, e vemos que os filhos dessas pessoas retomaram essa herança", diz
Barreto.
Ao mesmo tempo em
que criam uma música
nova, as bandas que participam da coletânea também tentam reativar a
música original que as
inspirou. "A gente procura interagir [com os grupos originais] de uma maneira ética. Afinal, não
basta beber na fonte, tem
de regar a raiz", afirma
Barreto, dizendo que é comum as bandas convidarem grupos populares para dividir o palco com
eles.
E é desse movimento bilateral que surgem canções impressionantes em
"Moda Nova", como a rica "Firma, Meu!", música
do Caboclada com o Z'África Brasil, que parte de
um jongo para cair num
delicioso reggae com rap.
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