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MÚSICA
Capital Inicial lança suas composições para o novo século
Viver de nostalgia é um perigo
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de reciclar seus
sucessos dos anos 80 e
de retransformá-los em
hits com o álbum "Acústico MTV", o Capital Inicial
volta a apostar no inédito
com o lançamento, nesta
semana, de "Rosas e Vinho Tinto".
O disco marca a saída
do guitarrista Loro Jones e
a entrada de Yves Passarell (ex-Viper), que pesa a
mão nas cordas e confere
vigor ao pop da banda.
Em pleno entusiasmo
com a novidade, em entrevista ao Folhateen, Dinho Ouro Preto, 37, quer
tocar a bola para a frente.
Leia trechos da entrevista.
Folha - O Capital Inicial
mudou depois do sucesso
do "Acústico"?
Dinho Ouro Preto - Não
quero que mude. Mas talvez esteja pirando ao
achar que posso sair ileso
dessa história. Muita gente achava que o disco seria
um divisor de águas, que a
banda ficaria mais romântica, mais adulta e mais
popular. Foi a primeira
vez que a gente teve contato com esse universo mega. Toco há 20 anos e nunca tinha vivido isso. É algo
inédito para o Capital.
Nem nos anos 80 tivemos
tanto sucesso. Mas o Capital optou por se expor
pouco. O maior perigo do
sucesso é a superexposição. É estafar as pessoas
porque a banda está em
todos os lugares. A gente
só se dava conta do que estava acontecendo quando
pisava no palco em shows
para 30 mil pessoas.
Folha - O sucesso de canções dos anos 80 incomoda
você?
Dinho - Na verdade, a
música que mais pegou a
moçada foi "Natasha" e
"Tudo o Que Vai", que são
novas. Só depois que vieram as antigas: "Independência", "Fogo" etc. E isso
é um alívio. Se fosse uma
coisa puramente nostálgica, seria como dar um tiro
no próprio pé. Quis que o
Capital virasse essa página
e apresentasse logo o disco novo. Viver de nostalgia é um perigo.
Folha - Tanto "Natasha"
quanto "Quatro Vezes Você", desse disco, tratam de
histórias de adolescentes.
Por que voltar ao tema?
Dinho - A gente sempre
fez historinhas. É quase
uma tradição de Brasília,
como "Eduardo e Mônica". Nesse disco, a gente
quis contar uma história
específica: a de que ninguém precisa se importar
em ser diferente porque,
de perto, todo mundo é
esquisito. É adolescente,
mas vale para qualquer
idade. Nós entendemos o
universo dos adolescentes
porque somos adolescentes há muito mais tempo
que eles. As coisas das
quais você gosta quando é
moleque acabam atravessando a sua vida inteira.
Acho que é por isso que
conseguimos abordar temas adolescentes com naturalidade.
Folha - Esse é o primeiro
disco do Capital depois da
saída de Loro Jones e da entrada de Yves Passarell. Como isso aconteceu?
Dinho - A saída dele se
tornou pública há um
mês, mas aconteceu em
novembro do ano passado. Depois de um show
em Porto Alegre, o cara
simplesmente desceu do
palco e falou: "Estou fora".
A gente achou que era
bravata, que ele voltaria, e
demoramos a tornar pública a sua saída. Mas o
Loro se mostrou determinado. Não tivemos dúvida
nenhuma sobre quem entraria no lugar dele. O
Yves não é um estranho à
banda. Já tocou no Capital
em 96 e também participou de alguns shows da
turnê do "Acústico".
Folha - Qual a consequência dessa mudança?
Dinho - Em termos de
composição, o Capital
continua inalterado, o que
é muito importante. Porém, em termos de gravação e de pegada, a entrada
do Yves dá uma urgência e
um nervosismo a mais na
banda. Nossos shows
sempre foram pesados, e
trouxemos esse peso para
a gravação. E isso só vem
reafirmar a determinação
do Capital Inicial em fazer
rock brasileiro. A gente
procura manter a simplicidade deliberada e o pé
no chão. Nossas letras são
sobre assuntos casuais.
Talvez esse seja o motivo
do apelo das canções para
a moçada. Elas tratam de
coisas cotidianas que nos
dizem respeito e que, por
extensão, podem dizer
respeito a todos.
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