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O perfil do temporário e o drama do currículo
DA REPORTAGEM LOCAL
De acordo com especialistas em recursos humanos, o perfil de quem procura essas vagas tem mudado nos últimos
tempos. "Como houve uma queda geral
na economia e no mercado de trabalho,
quem procura essa atividade são universitários. Antes, eram jovens menos qualificados", explica Jorge Mathias, 27, diretor da Opção, empresa que seleciona
temporários para promoções e eventos
há três anos.
Daniela Abarca, 25, gerente de seleção
da Adecco, empresa de recursos humanos, destaca que o nível universitário
passou a ser uma exigência de muitos
empregadores. "Mesmo que a pessoa
não tenha estágio ou experiência, estar
matriculado em um curso superior tem
sido um pedido para vagas tanto temporárias quanto efetivas", conta.
Abarca alerta que a lei que regula o trabalho temporário autoriza esse vínculo
empregatício apenas em duas circunstâncias: quando ocorre aumento de produção ou durante ausências legais (férias
e licença-maternidade). "Isso nem sempre é cumprido. Muitas empresas contratam temporariamente como experiência, já que os custos e encargos são
menores, para depois efetivar o funcionário." Segundo a Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços
Terceirizáveis e de Trabalho Temporário), muitas vagas são informais (sem
contrato) e, assim, também desobedecem à lei (nš 6.019/74).
Primeiro currículo
Quem está em busca de experiência
profissional pode encontrar nas vagas
temporárias uma boa oportunidade de
ingresso no mercado de trabalho. Primeiro, porque muitas delas não exigem
experiência prévia e contam com programas de treinamento para os funcionários. Segundo, porque, dependendo da
atividade desempenhada, esse trabalho
pode ser o primeiro item da tal "experiência profissional" tão requisitada por
empregadores. "Um jovem sem experiência é selecionado mais facilmente para uma vaga temporária que para uma
vaga efetiva", confirma Abarca.
O drama de quem procura emprego
sem experiência profissional é pensar
num currículo. De acordo com Ricardo
de Almeida Prado Xavier, 58, presidente
da Manager, consultoria em RH, falta de
experiência não é motivo de vergonha.
"Deve ter vergonha quem estiver esperando o final da faculdade para procurar
um emprego porque aí sim haverá dificuldade." Segundo ele, as férias são uma
ótima oportunidade para buscar empregos temporários ou estágios. "O jovem
tem de abrir mão das férias para trabalhar e ter contato com empresas, nem
que seja, por algum tempo, de graça."
Xavier explica que o currículo de quem
procura o primeiro emprego deve destacar, no lugar da experiência profissional,
os cursos feitos, os idiomas que o candidato domina, as viagens ao exterior, o envolvimento em centros acadêmicos ou
atléticos e os trabalhos voluntários realizados, algo, segundo ele, muito valorizado nesses casos.
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