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São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

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O perfil do temporário e o drama do currículo

DA REPORTAGEM LOCAL

De acordo com especialistas em recursos humanos, o perfil de quem procura essas vagas tem mudado nos últimos tempos. "Como houve uma queda geral na economia e no mercado de trabalho, quem procura essa atividade são universitários. Antes, eram jovens menos qualificados", explica Jorge Mathias, 27, diretor da Opção, empresa que seleciona temporários para promoções e eventos há três anos.
Daniela Abarca, 25, gerente de seleção da Adecco, empresa de recursos humanos, destaca que o nível universitário passou a ser uma exigência de muitos empregadores. "Mesmo que a pessoa não tenha estágio ou experiência, estar matriculado em um curso superior tem sido um pedido para vagas tanto temporárias quanto efetivas", conta.
Abarca alerta que a lei que regula o trabalho temporário autoriza esse vínculo empregatício apenas em duas circunstâncias: quando ocorre aumento de produção ou durante ausências legais (férias e licença-maternidade). "Isso nem sempre é cumprido. Muitas empresas contratam temporariamente como experiência, já que os custos e encargos são menores, para depois efetivar o funcionário." Segundo a Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário), muitas vagas são informais (sem contrato) e, assim, também desobedecem à lei (nš 6.019/74).


Primeiro currículo
Quem está em busca de experiência profissional pode encontrar nas vagas temporárias uma boa oportunidade de ingresso no mercado de trabalho. Primeiro, porque muitas delas não exigem experiência prévia e contam com programas de treinamento para os funcionários. Segundo, porque, dependendo da atividade desempenhada, esse trabalho pode ser o primeiro item da tal "experiência profissional" tão requisitada por empregadores. "Um jovem sem experiência é selecionado mais facilmente para uma vaga temporária que para uma vaga efetiva", confirma Abarca.
O drama de quem procura emprego sem experiência profissional é pensar num currículo. De acordo com Ricardo de Almeida Prado Xavier, 58, presidente da Manager, consultoria em RH, falta de experiência não é motivo de vergonha. "Deve ter vergonha quem estiver esperando o final da faculdade para procurar um emprego porque aí sim haverá dificuldade." Segundo ele, as férias são uma ótima oportunidade para buscar empregos temporários ou estágios. "O jovem tem de abrir mão das férias para trabalhar e ter contato com empresas, nem que seja, por algum tempo, de graça."
Xavier explica que o currículo de quem procura o primeiro emprego deve destacar, no lugar da experiência profissional, os cursos feitos, os idiomas que o candidato domina, as viagens ao exterior, o envolvimento em centros acadêmicos ou atléticos e os trabalhos voluntários realizados, algo, segundo ele, muito valorizado nesses casos.


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