"Tenho 22 anos, estudo e trabalho. E quero sair de casa! Sou órfão de pai e de mãe, e minhas irmãs mais velhas (sou o caçula) não percebem que cresci e querem me controlar. No sábado, vou para a farra e, às vezes, me embriago. Elas chamam meus amigos de alcoólatras. Sei que sou responsável. O que devo fazer?"

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Sair de casa e ir morar só é uma decisão tomada por muita gente que entra na casa dos 20 e poucos anos e que já tem condições de se manter. E não estamos falando só de grana! Manter-se é saber se cuidar.
Sábado é dia de farra e todo mundo quer sair para se divertir. Mas será que precisa mesmo tomar porre para curtir a balada? Será que não dá para beber com moderação e aproveitar a noite sem precisar encher a cara?
Você está careca de saber que quem abusa da bebida acaba cometendo outros excessos, como brigar, envolver-se em acidentes, usar menos camisinha e por aí vai. Será que não é exatamente essa a preocupação das suas irmãs?
Você cresceu, não quer ninguém controlando sua vida (ponto em que você está absolutamente correto), mas parece que ainda está vacilando em algumas situações. Será que no momento em que suas irmãs perceberem que você já sabe se cuidar direito, elas não acabam concordando com a importância de você morar só?
Morar só é uma mudança importante na vida de todo mundo. Em alguns países do norte da Europa e nos EUA, sair de casa e ir cuidar da própria vida é uma atitude esperada dos jovens. É incomum quem permanece na casa dos pais até mais tarde. Por aqui, a situação é meio inversa. Muitos jovens (outros nem tão jovens) só saem da casa dos pais para casar.
E aí, muitas vezes, essas pessoas não têm tempo de amadurecer e viver algumas mudanças importantes. Aprender a se virar não é fácil. E tudo isso acontece em um tempo curto. Quem não está tão maduro acaba sofrendo mais e tendo de amadurecer às pressas.
Moral da história: se você acha que é responsável e que sabe tomar conta de si mesmo, demonstre isso a suas irmãs. Saia, divirta-se e curta a sua vida sem correr riscos. Se essa mudança de comportamento for consistente, elas podem mudar de opinião.
Aliás, com 22 anos você já poderia ter tomado a decisão de morar onde bem entendesse, não poderia? Será que, quando a gente precisa tanto assim da aprovação dos outros, não é um sinal de que ainda precisa de alguém por perto o tempo todo? Pense a respeito!


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