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folhateen explica
Número de garotas que já são mães aumentou 25% em dez anos
Parto é a causa mais comum de internações de jovens
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em vez de estudar, se divertir ou namorar,
cada vez mais jovens arrumam uma tarefa
muito séria e complicada para fazer antes de
completar 19 anos: criar filhos.
Só na última década, aumentou 25% o número de garotas com menos de 19 anos que já
são mães. Em números absolutos, em 1991, de
cada grupo de mil mulheres nessa faixa etária,
75 tiveram filhos. Em 2000, foram 94.
Tanto que a maternidade é o principal motivo de internação de jovens no país. No ano
passado, foram realizados cerca de 1.700 partos por dia de meninas de dez a 19 anos, que
representaram 26% do total de nascimentos,
segundo dados do Ministério da Saúde.
A mesma tendência está sendo verificada
neste ano. De janeiro a abril, já foram notificados 200.946 partos juvenis, que representam
25% do total do que o governo federal gastou
com partos no país.
Um estudo feito pela demógrafa Elza Berquó, pesquisadora do Núcleo de Estudos da
População da Unicamp, revelou que o maior
aumento da taxa de fecundidade (o percentual de mulheres que engravidaram) foi registrado entre as adolescentes mais pobres
-com renda familiar per capita abaixo de 1/4
de salário mínimo por mês. Neste grupo, a taxa teve aumento de 42%. Entre as jovens com
renda acima de cinco salários mínimos, o
crescimento foi de 15%.
Na opinião da demógrafa, não é possível
afirmar que as jovens pobres praticam mais
sexo inseguro, por isso engravidam mais. "As
adolescentes com mais dinheiro também podem engravidar, mas têm mais acesso aos
abortos", afirma a especialista.
Para os especialistas, a gravidez na adolescência traz como grandes problemas a reunião de dois momentos difíceis (a adolescência e a maternidade) e o fato de a menina se
distanciar do crescimento social e cultural,
que pode gerar sérias sequelas emocionais.
Abortos
Relacionado ao aumento dos casos de gravides entre jovens está o número de abortos.
Diariamente, 146 adolescentes entre dez e 19
anos dão entrada em hospitais públicos brasileiros em razão de abortos provocados, com
ou sem autorização judicial. As interrupções
de gravidez são a quinta maior causa de internação de jovens, conforme o Ministério da
Saúde.
De acordo com Zenilce Bruno, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente do
Ministério da Saúde, as adolescentes tendem
mais a fazer os abortos em estado de gravidez
avançada, quando os riscos são maiores.
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