São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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BELEZA E SAÚDE
Corrente de médicos critica a recente fase de cirurgias de motivo simplesmente estético feitas em adolescentes
Plástica teen em debate

DA REPORTAGEM LOCAL

A cirurgia plástica na adolescência tem limites. A partir de reportagem publicada no dia 9/10, o Folhateen voltou a ouvir médicos que têm restrições à prática.
"Primeiro, tenho que saber o porquê da procura pela cirurgia plástica", diz Bernardo Froes, professor de técnica cirúrgica da USP. Ele diz que é exatamente nessa etapa que é mais restritivo. "Às vezes, é a família que quer. Por exemplo, a mãe se sente culpada por ter o seio mais bonito que o da filha. E pode ser que a menina nem se preocupe com isso", explica.
Outros motivos que o cirurgião chama de "fúteis" são o comentário do namorado ou a risadinha da amiga. "Muitas vezes, não há o problema real. Mas o adolescente acha que existe, sim. Nesse caso, uma conversa pode resolver o problema", diz ele.
Outra preocupação dos cirurgiões é a formação física do adolescente. "Prótese de silicone só dá para colocar, no mínimo, três anos após a primeira menstruação, com a mama totalmente desenvolvida", diz Fausto Viterbo, professor-doutor de cirurgia plástica da Faculdade de Medicina de Botucatu.
Froes costuma recorrer a um endocrinologista ou ginecologista (para as meninas) a fim de detectar se o adolescente já fechou o ciclo de crescimento. "Há também o raio X do punho para saber isso", explica.
Os dois médicos concordam que a lipoaspiração é apenas o último recurso, quando dieta e exercício não funcionaram. Mas eles também deixam claro que a cirurgia plástica pode ser necessária na adolescência para evitar traumas e complexos. "Em alguns casos, há limitações psicológicas e sociais, como seios muito grandes, que fazem com que a menina evite ir à praia ou à piscina. Se é algo que está perturbando muito, vale a pena fazer -mas sempre com critérios e bom senso", diz Froes. (AUGUSTO PINHEIRO)



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