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RESUMINDO
"Amor de Perdição" é novela passional
LUIZ ANTÔNIO DA SILVA
especial para a Folha
Camilo Castelo Branco conquistou fama com a novela passional "Amor de Perdição". Bem
ao gosto romântico, a característica principal da novela passional
é o seu tom trágico. As personagens estão sempre em luta contra
terríveis obstáculos para alcançar a felicidade no amor.
Normalmente, essa busca é
frustrante. Mesmo quando os
amantes ficam juntos, isso é conseguido a custa de muito sofrimento. Os direitos do coração,
frequentemente, vão de encontro aos valores sociais e morais.
Segundo o autor, "Amor de Perdição" foi escrito em 15 dias em
1861, quando ele estava preso na
cadeia da Relação, na cidade do
Porto, por ter-se envolvido em
questões de adultério.
Como o drama de "Romeu e
Julieta", a obra focaliza dois apaixonados que têm como obstáculo para a realização amorosa a rivalidade entre as famílias. A ação
se passa em Portugal, no século
19. O narrador diz contar fatos
ocorridos com seu tio Simão.
Residentes em Viseu, duas famílias nobres, os Albuquerques e
os Botelhos, odeiam-se por causa
de um litígio em que o corregedor Domingos Botelho deu ganho de causa contrário aos interesses dos primeiros. Simão é um
dos cinco filhos do corregedor.
Devido ao seu temperamento
explosivo, Simão envolve-se em
confusões. Seu pai o manda estudar em Coimbra, mas ele se envolve em novas confusões e é
preso. Liberto, volta para Viseu e
se apaixona por Teresa Albuquerque, sua vizinha.
A partir daí, opera-se uma rápida transformação no rapaz. Simão se regenera, torna-se estudioso, passa a ter como valor
maior o amor, e todos os seus
princípios são dele decorrentes.
Os pais descobrem o namoro.
O corregedor manda o filho para Coimbra. Para Teresa restam
duas opções: casar-se com o primo Baltasar ou ir para o convento. Proibidos de se encontrar, os
jovens trocam correspondência,
ajudados por uma mendiga e por
Mariana, filha do ferreiro João da
Cruz. Mariana encarna o amor
romântico abnegado.
Apaixona-se por Simão, embora saiba que esse amor jamais poderá ser correspondido, seja pelo
fato de Teresa dominar o coração
do rapaz seja pela diferença social: ela era
de condição humilde, filha de
um ferreiro. Mesmo
assim, ama
a tal ponto
de encontrar felicidade na felicidade do
amado.
Depois
de ameaças
e atentados, Teresa
rejeita o casamento. Por isso será
enviada para o convento de
Monchique, no Porto. Simão resolve raptá-la, acaba por matar
seu rival e se entrega à polícia.
João da Cruz oferece-se para ajudá-lo a fugir, mas ele não aceita,
pois é o típico herói romântico.
Matou por amor à Teresa, portanto assume seu ato e faz questão de pagar. Enquanto Simão
vai para a cadeia, sua amada vai
para o convento. Mariana, por
sua vez, procura estar sempre ao
lado de Simão, ajudando-o em
todas as ocasiões. Condenado à
forca, a sentença é comutada e Simão é degredado para a Índia.
Quando ele está partindo, Teresa, moribunda, pede que a coloquem no mirante do convento,
para ver o navio que levará seu
amado para longe. Após acenar
dizendo adeus, morre. Seu amor
exagerado a leva à perdição.
Durante a viagem, Mariana,
que acompanha Simão, mostra-lhe a última carta de Teresa. Ele
fica sabendo da sua morte, tem
uma febre inexplicável e morre.
Seu amor exagerado o leva à perdição. Na manhã seguinte, seu
corpo é lançado ao mar. Mariana
não suporta a perda e se joga ao
mar, suicidando-se abraçada ao
cadáver de Simão. Seu amor exagerado a leva à perdição.
Luiz Antônio da Silva é professor de literatura da USP e do Colégio Bandeirantes
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