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ATUALIDADES
Síria luta para não ser o novo membro do "eixo do mal"
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Recentemente, a Síria negou as
acusações dos EUA de possuir
armas químicas e reafirmou nunca ter cooperado com o governo
deposto de Saddam Hussein. Sob
a retórica ameaçadora de Washington, o presidente Bashar al-Assad reiterou que seu país não
abriga terroristas nem dá proteção a ex-militares iraquianos. O
país ajusta o seu discurso para
não ser considerado, depois do
Afeganistão e do Iraque, um novo
membro do "eixo do mal" e potencial alvo da "ação preventiva"
americana.
Com mandato francês desde
1920, a Síria alcançou sua independência apenas em meados da
década de 40. No final dos anos
50, um plebiscito aprovou a fusão
da Síria com o Egito na República
Árabe Unida (RAU) sob o comando do líder egípcio Gamal
Abdel Nasser. Com o fracasso da
RAU, em 1961, o país mergulhou
numa crise política que levou ao
poder o partido árabe socialista
Baath, do líder nacionalista Michel Aflaq, de linha semelhante à
de Saddam Hussein.
Ativa participante dos conflitos
árabe-israelenses, a Síria teve as
colinas de Golã ocupadas por tropas israelenses durante a Guerra
dos Seis Dias, em 1967, e anexadas
por Israel em 1981. Damasco recusa-se a aceitar qualquer acordo de
paz com Israel, a menos que Golã,
importante por seus recursos hídricos, seja devolvida.
Com a queda de Bagdá, a Síria
passa a ter um papel de destaque
para a paz e a segurança de Israel.
Herdeiro de Hafez al-Assad, que
passou a governar a Síria em 1970,
Bashar al-Assad assumiu o poder
com a morte do pai, em junho de
2000. Pressionado pela Casa
Branca, modera o discurso e propõe uma ampla negociação para o
desarmamento da região. Prudente, sua estratégia indica a intenção de aproximar-se de Washington. Desconfiados, Israel e
Ariel Sharon põem-se em alerta.
Roberto Candelori é professor do
Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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