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GEOGRAFIA
A população urbana e a posição do Sol
EDER MELGAR
ESPECIAL PARA A FOLHA
O fato de a maior parte da população brasileira morar em centros urbanos contribui para um
maior distanciamento da natureza e, conseqüentemente, diminui
a possibilidade de observação e de
compreensão de muitos fenômenos naturais.
Por exemplo, quantas vezes no
ultimo mês nós paramos para observar o nascer e o ocaso ou pôr-do-sol? Mesmo que quiséssemos,
provavelmente as construções urbanas impediriam a visão.
Vários alunos ficam espantados
quando falamos durante as aulas
que o Sol, durante quase todos os
dias do ano, não nasce no leste
nem se põe no oeste. Certamente
observaram o fenômeno com
muito pouca atenção.
É que desde pequenos ouvimos
que o Sol nasce no leste e se põe
no oeste. Nos livros, existem até
aqueles desenhos em que um homenzinho com os braços totalmente abertos, em forma de cruz,
nos ensina a colocar o direito na
direção do nascer do Sol, o "leste",
para deduzirmos que o norte fica
à nossa frente, o sul nas costas e o
oeste na direção do braço esquerdo, oposta ao leste.
O detalhe é que a aplicação desse método, como nos é apresentado pelo desenho tradicional, raramente funciona.
Quando observamos o pôr-do-sol, diariamente, ao longo de um
ano, notamos que, em certa época, o fenômeno ocorre no horizonte mais à nossa esquerda e, em
outra, mais à direita. O mesmo
observamos quando acompanhamos o nascimento do Sol no mesmo período. Portanto, se a posição está mudando, o Sol não pode
estar nascendo sempre no leste e
se pondo sempre no oeste, afinal
de contas, o leste e o oeste, para
uma mesma localidade, não mudam de posição.
Aquele homenzinho de braços
abertos, descrito acima, funciona
melhor no equinócio, mas aí já é
um assunto para a próxima vez.
Eder Melgar é coordenador de geografia do curso Intergraus
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