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HISTÓRIA
A ordem da dominação medieval
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
As sociedades medievais européias caracterizaram-se pela
alteração das formas de dominação, combinando a cultura cristã
com elementos da cultura bárbara. O controle sobre a educação
foi peça fundamental no processo
de consolidação do poder religioso. Durante muito tempo, o clero
constituiu a maioria da minoria
intelectual, monopolizando o saber ler e escrever e acabou por dominar as atividades culturais, formulando os princípios jurídicos e
políticos do mundo medieval.
Com a desintegração do Império Romano e a formação de reinos bárbaros, a igreja manteve-se
como a única instituição centralizada, que, durante todo o período
medieval, se empenhou em preservar a unidade religiosa, como
forma de manter seu monopólio
sobre a formação educacional e
cultural e, para isso, combateu as
heresias, organizou expedições
militares cruzadas e a Inquisição.
A Igreja Católica dispunha de
grande poder econômico. Em
uma sociedade em que a terra era
a principal fonte de riqueza, a
igreja se tornou o maior senhor
feudal da Europa, detentora de
terras em diversas regiões, recebidas como doação ou como herança vacante, onde a exploração do
trabalho servil garantia as rendas
eclesiásticas, além do que era arrecadado com as doações dos fiéis
ou por meio de esmolas. A ordem
social era justificada de forma
dogmática e pode ser sintetizada
na expressão: "Alguns rezam, outros combatem e outros trabalham", que define a visão de sociedade imposta pelo clero, em que a
função do servo é definida pela
"ordem natural" das coisas, que,
por sua vez, é definida pela vontade de Deus.
A vida cotidiana de senhores e
servos era regulada pelos princípios morais ditados pela Igreja
Católica, que impunha o comunitarismo em oposição ao individualismo e dispunha sobre a organização familiar, o casamento,
o direito de herança e as relações
de trabalho, além de controlar o
belicismo dos senhores feudais, limitando os efeitos das guerras
privadas por meio do "Asilo de
Deus" ou da "Trégua de Deus",
ou utilizar o belicismo segundo
seus interesses, como na Guerra
de Reconquista na península Ibérica ou no movimento cruzadista
entre os séculos 11 e 13.
Dica: faça uma comparação entre o papel da igreja na educação
na Idade Média, na Idade Moderna e na Contemporânea.
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - O Início do
Século"
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