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QUÍMICA
Chumbo: uma viagem no tempo - parte 1
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Desde o início da civilização, ele
está presente. Muito útil, mas
bem perigoso. Esse é o chumbo. A
história desse metal é, de certo
modo, uma viagem pela nossa
própria história. Vamos embarcar nela?
Os primeiros registros do uso
do chumbo são de 4.000 a.C. Sabe
aquela maquiagem preta que a
Cleópatra usava em volta dos
olhos? É o "kohl", pó feito com galena, um minério de chumbo.
Mas foi com a civilização romana
(século 4º a.C. a 5º d.C.) que o
chumbo ganhou mais destaque.
Da maquiagem ele pulou para
os telhados, para os encanamentos, para os utensílios de cozinha e
para os vasos de estocar vinho e
comida.
A obtenção do chumbo é bem
simples. Talvez isso explique sua
constante presença na nossa história. Ele é encontrado na natureza principalmente na forma de
galena (sulfeto de chumbo, PbS).
Para que a galena vire chumbo
metálico (Pb0), é só submetê-la a
uma queima com carvão. O calor
liberado possibilita a reação do
minério com o oxigênio do ar: 2
PbS + 3 O2 0002 PbO + 2 SO2. Na
seqüência, o PbO reage com o carbono (do carvão): PbO + C 00Pb
+ CO, formando o chumbo metálico. Como o chumbo funde a
328C, é muito fácil trabalhar com
ele (o ferro, por exemplo, só funde
a 1.535C).
O que os romanos não sabiam é
que os compostos de chumbo são
altamente venenosos. É por isso,
aliás, que alguns historiadores
creditam ao chumbo uma pequena parcela de culpa na queda do
Império Romano. Ele é muito tóxico porque, quando absorvido
pelo organismo, desabilita as enzimas que sintetizam a hemoglobina. Como resultado, o ácido
aminolevulínico, precursor da hemoglobina, aumenta sua concentração no organismo, causando
constipação intestinal, cólicas estomacais, descoordenação motora, anemia etc.
Para piorar, o chumbo tem efeito cumulativo, isto é, mesmo ingerido em pequenas doses, ele vai
se acumulando, causando o envenenamento chamado de plumbismo ou saturnismo.
Os romanos eram tão aficionados pelo chumbo que o utilizaram
até na culinária! O acetato de
chumbo, um composto muito
doce, era usado para adoçar vinhos e molhos, assim, envenenava a população! Essa foi, sem dúvida, a principal causa do plumbismo, tão comum no povo romano. Não perca, na próxima coluna, a continuação dessa viagem.
Luís Fernando Pereira é professor do
curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail:
lula5@ig.com.br
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